Cheguei à conclusão de que tenho sérios problemas com a estratégia de trabalhar com políticas públicas. Não se trata exatamente de um repúdio ao diálogo com o Estado, nem de algo que implique ignorância ou descaso.
É que o trabalho de formiguinha, de conquista lenta e de processos de convencimento e diálogo às vezes saturam. E são pouquíssimos produtivos em termos de mínimas mudanças de paradigma.
Não nego a importância de trabalhar na construção das políticas públicas (pelo contrário), nem muito menos nego sua relevância dentro de um estado democrático.
O que eu nego é a radicalização que deixamos de respaldar e provocar. Nego que possamos trabalhar num sentido de alterar profundamente alguma coisa através deste caminho.
Acabo de voltar da III Conferência Regional de Mulheres de JP. Se, por um lado, fico feliz pela articulação e pela construção que resultou do nosso trabalho, por outro vejo nitidamente que essa construção é lenta e superficial.
Não se atinge nem de longe a profundidade necessária à provocação de uma mudança conjuntural. Nem mesmo temos a garantia do cumprimento das diretrizes formuladas. E olha que isso é apenas no que tange às políticas públicas voltadas para a emancipação das mulheres. É só um aspecto dentre vários outros aspectos.
Isso meio que cansa a mente. Tanto trabalho na problematização daquelas questões, e tanto ceticismo quanto à sua potencialidade de radicalizar alguma coisa.
Fiquei com a mente exausta.
Cada vez mais penso em pegar em armas e formar uma guerrilha.