quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Que fazer se o meu tempo é tempo de razão?
Se o relógio me impede de sentir
De estar desatenta
Se às sete tenho de saltar do sonho para a condução
E da poesia para o asfalto.

Que fazer se as depressões não resultam em poemas?
E sim em bulas e divãs
Se as lágrimas são objeto de estudo
E as canetas, seringas.

Que fazer se as poesias não são nem sequer lidas?
Se os poetas esvaziam seus blocos dos bolsos
Jogam fora as dores
As paixões
Anestesiam-se.

Que faria eu, se escrevesse um poema?
Sentiria tudo de novo?
Ou escreveria sobre o que me impede de sentir?