Visto a fantasia de Pierrot, no tom das tintas de Picasso, tento existir até a última pincelada. O que tem que ser feito, o que tem que ser vivido, o que é preciso para cantar. Mesmo que não se faça presente qualquer espécie de compreensão. A dor precisa ser escondida sob panos e cores, tintas e brilhos. Num samba embalado por tambores altos, num giro rasgante, veloz e confuso, sob um mar de pensamentos que se chocam e rodopiam, chacoalhando entre serpentinas, letras, suores, dores, remédios, sorrisos. A culpa pelo tempo perdido se mistura com a sensação de 'ao menos isso', mesmo que os confetes jogados sejam difíceis de limpar. As cores de Picasso se entrecruzam, e misturam, ao mesmo tempo, tristeza, melancolia e frustração.
Mas é carnaval.
Amanhã tudo volta ao normal.
Mas é carnaval.
Amanhã tudo volta ao normal.