Era um mundo perfeito
Aquele que eu vivia
Não tinha tristeza no peito
Incômodo algum eu sentia.
Um gigante Vade Mecum
Era a minha moradia
Situado na biblioteca
Da Faculdade da Apatia.
Lá dentro tinha de tudo
Precisava de mais nada
“Carreira, dinheiro, canudo”
Eu já sairia formada.
A Teoria era Pura
A lei era muito clara
E eu decorava com bravura
Aquilo que ela mandava.
Eu não tinha contato externo
E não me movimentava
A única coisa que eu via
Era a sombra de cada palavra.
Até que um dia eu vi uma porta
Se abrindo no meu telhado
As páginas todas voando
Ficou tudo iluminado
Eu fui dar uma olhada
Não acreditava no que via
A sombra de cada palavra
Era apenas fantasia
Lá fora era colorido
E tudo se movimentava
E aquilo que eu lia antes
Aqui fora não bastava.
Eu precisava entender
Como aquilo funcionava
Dessa dinâmica social
O Vade Mecum não tratava!
Pulei pra fora da toca
Um tatu a se libertar!
Descobri que pra ver de verdade
Era preciso DESENTOCAR.
Hoje estou redescobrindo
Quem sou e o que quero ser
O meu casco está mais forte
Pra poder me defender
E você, meu caro amigo?
Já parou pra perceber?
Se o que está ao seu redor
Está te impedindo de VER?
Está REALMENTE olhando?
Ou passa despercebido?
Saia dessa velha toca
E venha enxergar comigo!
Um comentário:
porra clarissa, muito bom o poema...
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