"Eu estou solto, mas não sou mais livre, vivo sob ameaça de morte", denuncia um dos sete integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) torturados violentamente no dia 30 de abril deste ano na Fazenda Cabeça de Boi, localizada em Pocinhos. De acordo com com a o trabalhador N.T.A., durante a ação que teria sido comandada pela proprietária da fazenda, Maria do Rosário Magno Cavalcante, e policiais militares encapuzados - os militantes sofreram ameaças e foram sucessivamente espancados. Seus corpos foram molhados com gasolina e eles teriam permanecido seis horas sob ameaça de serem queimados vivos. Ele afirma ter sido o único a ser levado à uma casa da fazenda incendiada com ele dentro. "Fui queimado vivo", relembrou o trabalhador abalado.
Mário Gomes de Araújo, ouvidor de Polícia da Secretaria da Segurança e Defesa Social da Paraíba confirma que as queimaduras foram detectadas no exame do corpo de delito, solicitado pelo órgão, após a denúncia de tortura. N.T.A.e seu companheiro de militância, O.S.M, ainda teriam permanecido trinta e quatro dias num presídio de Campina Grande e soltos após pressão dos advogados do MST e do Incra.
"Nosso trabalho é receber as denúncias, apurar o envolvimento de policiais nas ações e encaminhá-las ao secretário de Segurança e comandante da Polícia Militar", esclareceu Mário. Ele revela que 80% dos casos que chegam à Ouvidoria têm envolvimento das polícia civil ou militar. Destes, pelo menos três seriam resultantes da ação de grupos de extermínio. "De cada dez processos, oito têm participação comprovada de policiais", garante o ouvidor.
O confronto em Pocinhos ocorreu quando os manisfetantes montaram acampamento às margens da BR230 próximo à propriedade, decretada improdutiva em dezembro de 2008, e em processo de desapropriação para ser destinada à reforma agrária. O militante denuncia ainda que o tenente da PM, Jonathan Midori Yassak teria comandado os policiais militares encapuzados. "Durante aquele horror, ele tirou o capuz e disse que era meu pesadelo", garante.
O envolvimento da polícia é apontado no caso do assassinato de Odilon Bernardo da Silva Filho, morto a tiros de espingarda na noite do dia 29 de julho deste ano em Aroeiras. Ex-líder do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ele denunciava o uso indevido do dinheiro público .
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