Toda vez que eu vejo essa foto, me dá um negócio no peito. Uma angústia, um sentimento quase que de vergonha. É como se essa criança me questionasse, me perguntasse quem eu penso que sou pra expressar algum sentimento ao vê-la chorando assim: O que é que eu tenho feito/não feito, e o que me faz pensar que eu tenho algum direito de sentir qualquer coisa de pena da sua dor.
É um olhar misterioso que me diz, bem, bem profundamente: 'Grande coisa, esse seu momento de angústia ao me ver assim. Engula seu altruísmo cristão, e que se dane o que você sente ou pensa a respeito do meu povo e da minha luta. Sua penosidade e (des)humanismo não me comovem, nem me libertam. Pelo contrário, eles me oprimem, retiram minha liberdade, me impedem de ser criança, de sorrir'.
Podia até ser só uma criança chorando.
Mas nenhuma criança apenas chorando jamais me olhou tão profunda e dilaceradamente assim, me deixando tão envergonhada e, ao mesmo tempo, enraivecida de mim mesma.
2 comentários:
clarissa escreve bonitamente.
essa foto é foda.
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