terça-feira, 30 de novembro de 2010

João Pedro Stédile: ''EUA são os maiores terroristas do mundo''

O documento da inteligência norte-americana vazado pelo website Wikileaks e que menciona o MST (Movimento dos Sem-Terra) é, para um dos maiores líderes da entidade, uma prova da ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos do Brasil e da América Latina. Para João Pedro Stédile, um dos coordenadores nacionais do movimento, a mensagem diplomática que trata os sem-terra como um "obstáculo" para a criação de uma legislação antiterrorista no Brasil "revela, infelizmente, como o governo dos EUA continua tratando os países da América Latina como meras colônias que devem obedecer e serem orientadas".

"É evidente que as pressões do governo dos EUA, tentando influenciar governos democráticos e progressistas a aderirem à sua sanha paranóica de terrorismo, visa criminalizar e controlar qualquer movimento de massas que lute por seus direitos e que ocasionalmente representem manifestações contra os interesses das empresas estadunidenses", disse Stédile em entrevista ao Opera Mundi nesta terça-feira (30/11).

O coordenador do MST acredita que a criação de uma lei "antiterrorista" poderia ser usada, na verdade, para perseguir os movimentos sociais, o que seria uma estratégia deliberada de Washington.

"No passado, eles criaram a paranoia da União Soviética, depois dos inimigos internos e, agora, querem transformar toda luta social em luta terrorista".

Para ele, o fato de o diplomata norte-americano Clifford Sobel, ex-embaixador dos EUA no Brasil, ter mencionado o MST como um entrave à criação de leis antiterrorismo no Brasil revela uma intromissão externa na política brasileira que, em seu lugar, os próprios EUA considerariam inaceitável.

"Imaginem uma situação contrária, em que o embaixador brasileiro em Washington chamasse o diretor da CIA para propor novas leis que beneficiassem os imigrantes latinos ou qualquer outro assunto. Certamente, seria expulso do país em poucas horas", comentou.

De acordo com Stédile, a intromissão norte-americana em outros países "é um absurdo e atenta contra todo os direitos democráticos", e que o vazamento de documentos sigilosos desta semana feito pelo Wikileaks pode ajudar a "opinião pública internacional" a denunciar e fazer parar a "máquina de guerra" dos EUA.

"Todos sabemos que o governo e o Estado do EUA são na atualidade o maior terrorista do mundo", afirmou Stédile. "O Estado norte-americano comete todo tipo de crimes contra a humanidade, possui mais de 800 bases militares em todo o mundo, financia e pratica golpes de Estado, como o que destituiu recentemente o presidente Manuel Zelaya; mantêm dezenas de prisioneiros sem nenhum amparo das Nações Unidas em Guantánamo; atacaram o Iraque e lá mataram mais de 300 mil civis apenas para controlar o petróleo, já que se comprovou a mentira das armas químicas; atacaram o Afeganistão com a desculpa da busca por Bin Laden, que sempre foi amigo da família Bush; e, pior, financiam toda a sua máquina de guerra emitindo dólares sem controle, como uma moeda internacional, a que todos os países do mundo têm de se submeter".

Opera Mundi

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Repúdio ao revide violento das forças de segurança pública no Rio de Janeiro, e às violações aos direitos humanos que vêm sendo cometidas

Desde o dia 23 de novembro a rotina de algumas regiões do Rio de Janeiro foi alterada. Após algumas semanas em que ocorreram supostos "arrastões" (na verdade, roubos de carros descontinuados no tempo e no espaço), veículos seriam incediados. Imediatamente, as autoridades públicas vieram aos meios de comunicação anunciar de que se tratava de um ataque orquestrado e planejado do tráfico de drogas local à política de segurança pública, expressa principalmente nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Tal interpretação nos parece questionável, em primeiro lugar porque não foi utilizado o poderio em armas de fogo das facções do tráfico, e sim um expediente (incêndio de veículos) que, embora tenha grande visibilidade, não exige nenhuma logística militar. Em segundo porque, se o objetivo fosse um dano político calculado ao governo estadual, as ações teriam sido realizados cerca de dois meses atrás, antes das eleições, e não agora. As ações, que precisam ser melhor investigadas e corretamente dimensionadas, parecem mais típicas atitudes desorganizadas e visando impacto imediato, que o tráfico varejista por vezes executa.

Seja como for, desde então, criou-se e se generalizou um sentimento de medo e insegurança. Esta imagem foi provocada pela circulação da narrativa do medo, do terror e do caos produzida por alguns meios de comunicação. Isto gerou o ambiente de legitimação de uma resposta muito comum do poder público em situações como esta: repressão, violência e mortes. Principalmente nas favelas da cidade. Além disso, mobilizou-se rapidamente a idéia de que a situação é de uma "guerra". Esta foi a senha para que o campo da arbitraridade se alargasse e a força fosse utilizada como primeiro e único recurso.

Repudiamos a compreensão de que a situação na cidade seja de uma "guerra". Pensar nestes termos, implica não apenas uma visão limitada e reducionista de um problema muito complexo, que apenas serve para satisfazer algumas demandas políticas-eleitoreiras, mas provoca um aumento de violência estatal descomunal contra os moradores de favelas da cidade. Não concordamos com a idéia da existência de guerra, muitos menos com seus desdobramentos ("terrorismo", "guerrilha", "crime organizado") justamente pelo fato de que as ações do tráficos de drogas, embora se impondo pelo medo e através da força, são desorganizadas, não orgânicas e obviamente sem interesses políticos de médio e longo prazo. Parece que, ao mencionarem que se trata de uma "guerra" ao "crime organizado", as autoridades públicas querem legitimar uma política de segurança que, no limite, caracteriza-se apenas por uma ação reativa, extremamente repressiva (que trazem conseqüências perversas ao conjunto dos moradores de favelas) e que, no fundo, visa exclusivamente e por via da força impor uma forma de controle social. As ações feitas pelos criminosos e a resposta do poder público que ocorreram nesta semana, somente reproduz um quadro que se repete há mais de 30 anos. Contudo, as "políticas de segurança pública" se produzem, sempre, a partir destes eventos espetaculares, portanto com um horizonte nada democrático. É importante não esquecer que, muito recentemente, as favelas que agora viraram símbolo do enfrentamento da "política de segurança pública" já tenham sido invadidas e cercadas em outros momentos. Em 2008, a Vila Cruzeiro foi ocupada pela polícia. Em 2007, o Complexo do Alemão também foi cercado e invadido. O resultado, todos sabem: naquele momento, morreram 19 pessoas, todas executadas pelas forças de segurança.

As conseqüências práticas da idéia falsa da existência de guerra é o que estamos vendo agora: toda a ação de reação das forças de segurança, que atuam com um certa autorização tácita de parte da população (desejosa de uma vingança, mas que não quer fazer o "trabalho sujo"), têm atuado ao "arrepio da lei", inclusive acionando as Forças Armadas (que constitucionalmente não podem ser utilizadas em situações como estas, que envolvem muitos civis, e em áreas urbanas densamente povoadas). Não aceitamos os chamados "danos colaterais" destas investidas recorrentes que o poder público realiza contra os bandos de traficantes. Discordamos e repudiamos a concepção de que "para fazer uma omelete, é preciso quebrar alguns ovos", como já disseram as mesmas autoridades em questão em outras ocasiões.

Desde o começo do revide violento e arbitrário das polícias e das forças armadas, há apenas uma semana, o que se produziu foi uma imensa coleção de violações de direitos humanos em favelas da cidade: foram mortas, até o momento, 45 pessoas. Quase todas elas foram classificadas como "mortes em confronto" ou "vítimas de balas perdidas". Temos todas as razões para duvidar da veracidade desse fato. Em primeiro lugar, devido ao histórico imenso de execuções sumárias da polícia do Rio de Janeiro, cuja utilização indiscriminada dos "autos de resistência" para encobrir tais crimes de Estado tem sido objeto de repetidas condenações, inclusive internacionais. Em segundo lugar, pelo que mostram as próprias informações disponíveis, o perfil das vítimas das chamadas "balas perdidas" não é de homens ou jovens que poderiam estar participando de ações do tráfico, e sim idosos, estudantes uniformizados, mulheres, etc. Na operação da quarta-feira (24/11) na Vila Cruzeiro, por exemplo, esse foi o perfil das vítimas, segundo o detalhado registro do jornalista do Estado de São Paulo: mortes - uma adolescente de 14 anos, atingida com uniforme escolar quando voltava para casa; um senhor de 60 anos, uma mulher de 43 anos e um homem de 29 anos que chegou morto ao hospital com claros sinais de execução. Feridos - 11 pessoas, entre elas outra estudante uniformizada, dois idosos de 68 e 81 anos, três mulheres entre 22 e 28 anos, dois homens de 40 anos, um cabo da PM e apenas dois homens entre 26 e 32 anos.

Além disso, a "política de guerra" produziu, segundo muitas denúncias feitas, diversos refugiados. Tivemos informações de que moradores de diversas comunidades do Complexo da Penha e de outras localidades não puderam retornar às suas casas e muitas outras ficaram reféns em suas próprias moradias. Crianças e professores ficaram sitiados em escolas e creches na Vila Cruzeiro, apesar do sindicato dos professores ter solicitado a suspensão temporária da operação policial para a evacuação das unidades escolares. As operações e "megaoperações" em curso durante a semana serviram de pretexto para invasões de domicílios seguida de roubos efetuadas por policiais contra famílias. Nos chegaram, neste sábado 27/11, depoimentos de moradores da Vila Cruzeiro que informavam que, após a fuga dos traficantes, muitos policiais estão aproveitando para realizar invasões indiscriminadas de domicílios e saquear objetos de valor.

Não bastasse tudo isso, um repertório de outras violações vêm ocorrendo: nestas localidades conflagradas, os moradores se encontram sem luz, água, não podem circular tranquilamente, o transporte público simplesmente deixou de funcionar, as pessoas não podem ir para o trabalho, escolas foram fechadas e quase 50 mil alunos deixaram de ter aulas neste período, e até toque de recolher foi imposto em algumas localidades de UPP, segundo denúncias. As ações geraram um estado de tensão e pânico nos moradores destas localidades jamais vistos. As favelas do Rio, que são verdadeiros "territórios de exceção" onde as leis e as garantias constitucionais são permanentemente desrespeitadas, em primeiro lugar pelo próprio Poder Público, vivem hoje um Estado de Exceção ainda mais agravado, que pode ser prenúncio do que pretende se estabelecer em toda a cidade durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Repudiamos, por fim, a idéia de que há um apoio irrestrito do conjunto da população às ações das forças de segurança. De que "nós" é esse que as autoridades e parte dos meios de comunicação estão falando? Considerando o fato de que a cidade do Rio de Janeiro não é homogênea e que existem diversas versões (obviamente, muitas delas não são considerados por uma questão política) sobre o que está acontecendo, como é possível dizer que TODA a população apóia a repressão violenta em curso? Certamente, esse "nós", esse "todos" não incluem os moradores de favelas da cidade. E isso pode ser verificado a partir das inúmeras denúncias que recebemos de arbitrariedades cometidas por policiais.

Diante de tudo isso, e para evitar que mais um banho de sangue seja feito, e para que as violações e arbitrariedades cessem imediatamente:

* Exigimos que seja feita uma divulgação dos nomes e laudos cadavéricos de todas as vítimas fatais, bem como dos nomes das vítimas não-fatais e suas respectivas condições neste momento;

* Exigimos também que seja dada toda publicidade às ações das forças de segurança, permitindo que estas sejam acompanhadas pela imprensa e órgãos internacionais;

* Exigimos que sejam dadas amplas garantias para efetivação, acompanhamento e investigação das denúncias de arbitrariedades e violações cometidas por agentes do Estado nas operações em curso;

* Exigimos que estas ações sejam acompanhadas de perto por órgãos públicos como o Ministério Público, Defensoria Pública, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e do Congresso Federal, Secretaria Especial de Direitos Humanos - SEDH, Subsecretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, além de outras instituições independentes como a OAB (Federal e do Rio), que possam fiscalizar a atuação das polícias e das Forças Armadas.

Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.
Rio de Janeiro, 27 de Novembro de 2010.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sadia é obrigada a dar descanso para evitar fadiga dos trabalhadores



A empresa Sadia S.A continua obrigada a conceder 49 minutos em pausas para a recuperação da fadiga dos funcionários da linha de produção. A determinação é do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, em Santa Catarina. A Sadia S.A também está proibida de demitir funcionários que estão afastados do trabalho para fazer tratamento de saúde.

Desde 2007 as condições de trabalho dos funcionários da empresa são investigadas pelo Ministério Público do Trabalho. Ficou comprovado que se a situação for mantida, cerca de 20% dos trabalhadores serão afetados por doenças laborais. As fiscalizações constataram que eles chegam a realizar até 120 movimentos por minuto, ou seja, quatro vezes mais que o recomendado pela Medicina do Trabalho.

De acordo com o procurador do Trabalho Sandro Sardá, “as atuais condições de trabalho na empresa são absolutamente incompatíveis com a saúde física e mental dos trabalhadores”.

Entre 2003 e 2007, a Sadia S.A pagou R$ 30 milhões em contribuições ao INSS. No entanto, seus funcionários receberam R$ 170 milhões em benefícios previdenciários. A maior parte deles está relacionado a afastamentos por doenças provocadas por lesões nos músculos, tendões, nervos e ligamentos.

Fonte: Radioagência NP.

sábado, 20 de novembro de 2010

Ah, a burrocracia!

Ela não pensa,
Apenas carimba.
Sempre escreve muito
Mas nunca rima.

A sala é sombria
Cinza, feia e fria
E não há diferença nenhuma
Se é de noite ou é de dia

Parece um monstro marinho
Que já criou raizes
Com seus cabelos bagunçados
E suas feições infelizes

Não há reflexão
Nem tampouco discussão
Nem um pedaço de pão
Pra fazer uma divisão

É um longo túnel estreito
Em que passamos nos arrastando
Você entra certo e sorrindo
E sai perdido e chorando

Não há democracia
Nem tampouco alegria
Que dirá poesia!
Nessa tal burocracia.

Cotidiano de Luta

A herança dos mais de quatrocentos anos de escravidão no Brasil esta refletida na desigualdade racial que temos atualmente na nossa sociedade em termos, também, de oportunidades de trabalho. A ausência de políticas em se tratando de uma população que corresponde a 51,3% da população do país é algo impressionante e lamentável.

Pelo menos, após esta última eleição presidencial que tivemos, podemos afirmar que pesquisa é coisa séria e confiável aqui no nosso país. O Instituto Ethos e o Ibope fazem a Pesquisa, desde 2001, a cada dois anos e é realizada em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Este ano uma pesquisa foi patrocinada pelo Instituto Unibanco e Phillips do Brasil que mostra a desvantagem dos negros na sociedade brasileira.

Neste último dia 11 de novembro houve a divulgação desta última pesquisa feita pelo Instituto Ethos e pelo Ibope, revelando que a proporção de negros no quadro funcional das 500 maiores empresas cresceu de 25,1% para 31,1% entre 2007 e 2010, porém, também expõe - especialmente nos cargos de direção e gerência - o abismo da desigualdade provocada pela herança dos séculos de escravidão que tivemos.

Os resultados da pesquisa "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas e suas Ações Afirmativas - 2010", que é feita a cada dois anos, foram divulgados na Faculdade Zumbi dos Palmares, no Clube Tietê, em S. Paulo, e revelam que a presença de funcionários brancos caiu de 73% para 67,3%, porém, continua superior a mais que o dobro da de negros.

O abismo maior se dá nos cargos de direção, embora tenham melhorado em 50%: o número de negros no comando das empresas que responderam a pesquisa, é de 5,3% contra 3,5% no último levantamento, em 2007. 00:09 (10 horas atrás) Moa Fanfa

O perfil da direção das 500 maiores Empresas brasileiras, segundo a pesquisa, continua quase que 100% branco: diretores brancos representam 93,3%, com uma queda mínima em relação a 2007, quando esse percentual era de 94%. Em cargos de gerência e supervisão a presença negra é de 13,2% e 25,6%, respectivamente.

No caso das mulheres negras é pior, pois, continuam a ocupar as piores posições: 9,3% no quadro funcional, 5,6% na supervisão, 2,1% na gerência e apenas 0,5% no quadro executivo.

O próprio presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão ficou espantado com o resultado desta pesquisa para quem a desigualdade entre brancos e negros no universo corporativo deve-se, como disse ele, a “uma forte questão cultural arraigada na sociedade e à falta de políticas de diversidade nas empresas”. Ele também disse que "existe uma certa acomodação, evita-se apostar no novo, criar políticas de diversidade. A presença da mulher negra em posições executivas é de 0,5%, dado assustador"!

De acordo com o levantamento, entre as 119 mulheres ou entre os 1.162 diretores – negros e não negros, de ambos os sexos -, cuja cor ou raça foi informada pelas empresas, foi registrada a presença de apenas 6 negras – e todas pardas. Isso que as mulheres negras representam uma parcela de 50,1% do dotal de mulheres brasileiras e correspondem a um contingente de 25,6% de toda a população.

Dia 20 de Novembro é realmente uma data de reflexão sobre a questão dos negros no Brasil, mas nossa luta pela igualdade é travada no dia a dia.
Valeu Zumbi!
 
Moa Fanfa

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Momento de desespero extremo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Semana infernal

Tou sem tempo nem pra mim mesma.
Tem coisas que a gente inventa e se mete que só fazem (com o perdão da palavra) fud... com a vida da gente! Quero respirar o ar livre da minha vida pacata de novo!
Aaaaaaaaaah!!!

Anistia Internacional quer que Bush seja processado por aprovar tortura‎

 A Anistia Internacional convocou o governo norte-americano a processar o ex-presidente George W. Bush, após o texano afirmar em memórias reunidas no livro Decision Points que ordenou o exército a usar técnica de afogamento em proioneiros sendo interrogados. Na atualidade, a prática é considerada uma forma de tortura pela CIA (serviço de inteligência dos Estados Unidos).

Segundo Rob Freer, chefe da Anistia Internacional, "a confissão do presidente Bush é suficiente para desencadear a obrigação internacional que os Estados Unidos têm de investigar esta confissão e de levá-lo à justiça".

Em seu livro, escrito pelo jornalista Christopher Michael, de 28 anos, Bush conta que autorizou a CIA a usar a simulação de afogamento ou "submarino" contra o autoproclamado idealizador dos ataques de 11 de setembro de 2001, Khaled Cheikh Mohammed.

Em suas memórias, o ex-presidente afirma que, segundo seu Departamento de Justiça, a "simulação de afogamento" não era uma tortura. A CIA, no entanto, considera atualmente que o "submarino" é uma "tortura", além de ter admitido que foi "um erro" submeter prisioneiros ao método.

Por sua vez, o congressista Jerrold Nadler disse estar "escandalizado" pelas revelações do ex-presidente Bush e pediu ao secretário de Justiça, Eric Holder, que indique um procurador especial para investigar os fatos.

Opera Mundi

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

México é cemitério clandestino de imigrantes, denunciam mães de desaparecidos

O México é um "cemitério clandestino" de imigrantes latino-americanos ilegais, denunciaram integrantes de uma caravana formada por 12 mães de hondurenhos que desapareceram no país enquanto iam aos Estados Unidos.

Para a ativista Elvira Arellano, do Movimento Família Latina Unida sem Fronteiras, o Estado "não teve o valor para reconhecer a violação dos direitos humanos de nossos irmãos". Ela falou a partir de Ixtepec, no estado de Oaxaca, perto da fronteira com a Guatemala, onde a caravana se encontra.

De acordo com a imprensa local, a peregrinação é feita anualmente desde 2005 com o apoio de diversas ONGs. O grupo leva centenas de fotografias dos desaparecidos, e as mostram às autoridades e habitantes das localidades, hoteis, restaurantes, bares e praças por onde passam.

As buscas foram intensificadas depois da chacina de 72 imigrantes em Tamaulipas, em agosto. O crime chocou a região e o mundo, e envolveu vítimas provenientes de Equador, Guatemala, El Salvador, Honduras e pelo menos cinco brasileiros, segundo informações oficiais. As pessoas foram mortas ao se recusar a trabalhar para o grupo Los Zetas, conforme relatos de um sobrevivente.

As 12 mães iniciaram suas investigações no domingo (31/10) em Tapachula, no estado sulista de Chiapas, e ontem (03/11) começaram a percorrer a rota que vai de Ixtepec e Córdoba, esta no estado de Veracruz, em direção à Cidade do México.

Citando o IV Fórum Global sobre Migração e Desenvolvimento, Arellano considerou "vergonhoso" o fato de que o México sedie o evento - em Puerto Vallarta, estado de Jalisco, entre 8 e 9 de novembro - porque "todos os dias são violados" os direitos humanos dos imigrantes no país.

As mulheres da caravana reclamaram ao governo local "uma política que garanta o respeito aos direitos humanos dos desterrados, e que sejam castigados os responsáveis por roubos, violações, assaltos, sequestros e homicídios".

Solalinde Guerra, outra das integrantes do grupo, pediu ao presidente Felipe Calderón "frear a impunidade" das autoridades, "principalmente das corporações policiais", às quais responsabilizou pela "maioria das agressões" contra os migrantes.

Fonte: Opera Mundi