A herança dos mais de quatrocentos anos de escravidão no Brasil esta refletida na desigualdade racial que temos atualmente na nossa sociedade em termos, também, de oportunidades de trabalho. A ausência de políticas em se tratando de uma população que corresponde a 51,3% da população do país é algo impressionante e lamentável.
Pelo menos, após esta última eleição presidencial que tivemos, podemos afirmar que pesquisa é coisa séria e confiável aqui no nosso país. O Instituto Ethos e o Ibope fazem a Pesquisa, desde 2001, a cada dois anos e é realizada em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Este ano uma pesquisa foi patrocinada pelo Instituto Unibanco e Phillips do Brasil que mostra a desvantagem dos negros na sociedade brasileira.
Neste último dia 11 de novembro houve a divulgação desta última pesquisa feita pelo Instituto Ethos e pelo Ibope, revelando que a proporção de negros no quadro funcional das 500 maiores empresas cresceu de 25,1% para 31,1% entre 2007 e 2010, porém, também expõe - especialmente nos cargos de direção e gerência - o abismo da desigualdade provocada pela herança dos séculos de escravidão que tivemos.
Os resultados da pesquisa "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas e suas Ações Afirmativas - 2010", que é feita a cada dois anos, foram divulgados na Faculdade Zumbi dos Palmares, no Clube Tietê, em S. Paulo, e revelam que a presença de funcionários brancos caiu de 73% para 67,3%, porém, continua superior a mais que o dobro da de negros.
O abismo maior se dá nos cargos de direção, embora tenham melhorado em 50%: o número de negros no comando das empresas que responderam a pesquisa, é de 5,3% contra 3,5% no último levantamento, em 2007. 00:09 (10 horas atrás) Moa Fanfa
O perfil da direção das 500 maiores Empresas brasileiras, segundo a pesquisa, continua quase que 100% branco: diretores brancos representam 93,3%, com uma queda mínima em relação a 2007, quando esse percentual era de 94%. Em cargos de gerência e supervisão a presença negra é de 13,2% e 25,6%, respectivamente.
No caso das mulheres negras é pior, pois, continuam a ocupar as piores posições: 9,3% no quadro funcional, 5,6% na supervisão, 2,1% na gerência e apenas 0,5% no quadro executivo.
O próprio presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão ficou espantado com o resultado desta pesquisa para quem a desigualdade entre brancos e negros no universo corporativo deve-se, como disse ele, a “uma forte questão cultural arraigada na sociedade e à falta de políticas de diversidade nas empresas”. Ele também disse que "existe uma certa acomodação, evita-se apostar no novo, criar políticas de diversidade. A presença da mulher negra em posições executivas é de 0,5%, dado assustador"!
De acordo com o levantamento, entre as 119 mulheres ou entre os 1.162 diretores – negros e não negros, de ambos os sexos -, cuja cor ou raça foi informada pelas empresas, foi registrada a presença de apenas 6 negras – e todas pardas. Isso que as mulheres negras representam uma parcela de 50,1% do dotal de mulheres brasileiras e correspondem a um contingente de 25,6% de toda a população.
Dia 20 de Novembro é realmente uma data de reflexão sobre a questão dos negros no Brasil, mas nossa luta pela igualdade é travada no dia a dia.
Valeu Zumbi!
Moa Fanfa
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