Às vezes a vida fica exatamente assim:
Uma cestinha cheia de novelos de lã coloridos e sobrepostos uns aos outros.
Tudo enrolado em si e, ao mesmo tempo, emaranhado externamente, numa distribuição sem nexo algum.
Alguns destacam-se mais, outros menos. Os de cores opacas nos deixam angustiados, os de cores vivas, alegram.
Os escuros nos fazem refletir um pouco mais (a escuridão muitas vezes é um negócio bom danado... dá até vontade de demorar mais nela, porque ali a gente meio que se esconde).
Tudo na sua perfeita e complexa contradição. Porque essa é uma daquelas confusões que fazem sentido.
O problema é quando o gato-persa pula na cesta e balança, sacode, mistura. Êta danado, aí lasca tudo.
Você fica perdida, ali no meio de um monte de fio enrolado, com cara de nó-cego, que nem o maior dos escoteiros consegue desatar. Mesmo que você não tenha esquecido as regras e tenha estado constantemente "sempre alerta", você não tem muita culpa. Os gatos fazem isso. Eles são terríveis.
As cores misturaram-se todas, as mais importantes caem no fundo, as irrelevantes ficam em cima, as mais-ou-menos caem da cesta. E tá feito o carnaval. Pena que é julho e não fevereiro.
E tem mais essa: a idade aumentou.
Em breve você precisará utilizar esses mesmos novelos de lã para tricotar na sua cadeira de balanço.
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