quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Kadafi diz que não deixa poder e sofre pressão da ONU

Em discurso transmitido por uma televisão local, o presidente da Líbia, Muamar Kadafi, afirmou nesta terça (22) que vai permanecer no cargo e que as manifestações do país são geradas por “pequenos grupos” influenciados pelos Estados Unidos e pela Tunísia, onde a mobilização popular levou à renúncia do ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali.

“Não vou deixar o governo e ficarei até o fim”, disse Kadafi, durante o pronunciamento. “Nós vamos resistir”, completou o líder líbio, há 42 anos no poder. Vestido com seu tradicional traje de cor cáqui, ele falou por mais de vinte minutos. O local escolhido para o discurso foi um palácio em ruínas, antiga residência do presidente que foi alvo de um bombardeio norte-americano em 1986. O ataque matou uma das filhas de Kadafi.

“Muamar Kadafi é o líder da Revolução, sinônimo de sacrifícios até o fim dos dias. Este é o meu país, de meus pais e meus antepassados", afirmou, mencionando o momento em que chegou ao poder, em 1969, quando tinha 27 anos e era membro das tropas que assumiram o governo do país. “Eu vou lutar até a última gota de sangue, com o povo da Líbia por trás de mim”, afirmou.

De acordo com Kadafi, o “Ocidente mercenário” incita os jovens líbios a movimentos contra o governo. “O governo dispõe de arquivos e investigações sobre os líderes [das manifestações de protestos contra o governo]”, disse ele. O coronel afirmou ter “direito de lutar pela Líbia”. “A Líbia quer glória, a Líbia quer estar no topo, no topo do mundo... Sou um guerreiro, um revolucionário de tendas. Vou morrer como um mártir no final”.

O pronunciamento foi intercalado com imagens de manifestantes governistas, nas ruas da capital, Trípoli, segurando bandeiras da Líbia e mais a estátua de uma mão destruindo uma aeronave com o emblema dos Estados Unidos. Ele consultou também seu “Livro Verde”, lançado por ele mesmo em 1975, no qual expõe sua visão sobre a política.

Kadafi prometeu não usar a força contra os manifestantes, mas alertou "aqueles que tomam parte na guerra civil". Nos últimos dias, o governo tem sido acusado de usar helicópteros, aviões e tanques para reprimir oposicionistas que pedem sua renúncia.

Em seu discurso, Kadafi também convocou seu apoiadores a saírem às ruas. "A partir de amanhã, peguem suas crianças, saiam de casa e os ataquem em seus lares. Todos vocês que amam Kadafi vão às ruas, não tenham medo deles." E encerrou conclamando: "O tempo da vitória chegou. À frente, à frente, à frente. Revolução! Revolução!"

(Portal Vermelho)

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