é melhor
bruscamente conhecer, ficar ligeiramente puta, não verbalizar, endoidecer;
nunca vir a saber, ser ignorantemente feliz e festejar a mediocridade;
ou
desracionalizar todos os processos de confusão?
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
poxa, tenho sentido falta de escrever aqui.
um cantinho escondido e aconchegante, que eu meio que tenho esquecido.
é tanta coisa em tão pouco tempo, que... que se bastam em serem mais que o bastante.
são questões objetivas, vínculos afetivos, vínculos políticos (sufocantes), vínculos de toda espécie, e até aqueles sem espécie alguma.
tudo de uma vez, fazendo bagunça e aperto.
'eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver'.
viver em si já é desventurante.
queria acordar mergulhada nas ondas do mar de 2012.
um cantinho escondido e aconchegante, que eu meio que tenho esquecido.
é tanta coisa em tão pouco tempo, que... que se bastam em serem mais que o bastante.
são questões objetivas, vínculos afetivos, vínculos políticos (sufocantes), vínculos de toda espécie, e até aqueles sem espécie alguma.
tudo de uma vez, fazendo bagunça e aperto.
'eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver'.
viver em si já é desventurante.
queria acordar mergulhada nas ondas do mar de 2012.
sábado, 19 de novembro de 2011
...] eu vi lágrimas naquele rosto. Vi, sim,
rosto de mulher. Ou quem sabe era homem? Não
dava pra dizer o certo. Mas chorava. Certeza, eu
só tive uma: era entendido. Entendido em sofri-
mento, em dor, em ser magoado, saber direitinho
o que é humilhação, vexame, até pancada.
Entendido em perder... Alguns perderam a digni-
dade; outros até a própria vontade de viver.
Entendido em preconceito no trabalho, nas ruas,
na família, na igreja. Entendido em AIDS.
Entendido em ouvir deboches na rua e caminhar
de cabeça baixa, tentando não ser notado. Ou
arrogantemente, com a cabeça erguida, olhando
desafiadoramente para as pessoas, disposto a
agredir antes de ser agredido... Entendido em
disfarces, mentiras. E muitas vezes quando olha
no espelho, não se vê homem nem tão pouco
mulher. E descobre que não é nada. Não é
homem nem mulher.
JULIO SEVERO
(escritor e membro de pastoral evangélica)
rosto de mulher. Ou quem sabe era homem? Não
dava pra dizer o certo. Mas chorava. Certeza, eu
só tive uma: era entendido. Entendido em sofri-
mento, em dor, em ser magoado, saber direitinho
o que é humilhação, vexame, até pancada.
Entendido em perder... Alguns perderam a digni-
dade; outros até a própria vontade de viver.
Entendido em preconceito no trabalho, nas ruas,
na família, na igreja. Entendido em AIDS.
Entendido em ouvir deboches na rua e caminhar
de cabeça baixa, tentando não ser notado. Ou
arrogantemente, com a cabeça erguida, olhando
desafiadoramente para as pessoas, disposto a
agredir antes de ser agredido... Entendido em
disfarces, mentiras. E muitas vezes quando olha
no espelho, não se vê homem nem tão pouco
mulher. E descobre que não é nada. Não é
homem nem mulher.
JULIO SEVERO
(escritor e membro de pastoral evangélica)
terça-feira, 18 de outubro de 2011
domingo, 16 de outubro de 2011
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
[F. Pessoa]
sábado, 15 de outubro de 2011
domingo, 9 de outubro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
ARTE PARA RESISTIR
Eu tenho corrido o mundo
Gritado e levado pedrada
Sem lenço, sem meios, sem fundos
Sem terra, sem teto, sem nada
O meu louco anseio profundo
É que minha voz seja, enfim, escutada
E esse encargo, de pronto, eu assumo
Minha boca não vai ser calada.
Mas, em meio a esse duro processo,
De grito, de voz calejada,
Percebo, só teremos sucesso,
Se esta luta também for cantada!
Em versos, em rimas e em sonhos,
Em letras tão inacabadas
Meu grito será bem mais forte
Se as estrofes estiverem rimadas
As bandeiras, eu irei pintando,
E o ritmo estarei seguindo
Em quadrinhos, tirinhas e panos
A crítica vai, então, surgindo
As lutas irão se encaixando
Os paradigmas, vamos destruindo,
Os planos, iremos traçando
Em um samba, que não desafino.
Criatividade é, em parte,
Uma tática de inteligência
É a luta imitando a arte
Diante da nossa vivência
Não segue a ordem e o progresso
Nem as técnicas da ciência
É um grito pelo regresso
Da arte como resistência.
sábado, 24 de setembro de 2011
Eu posso ter tido muitas outras paixões nesses vinte e poucos anos.
Posso até ter enlouquecido algumas vezes.
Mas nunca, em toda a minha existência, fui tão apaixonada pelo que a gente conhece como vida.
É algo um tanto inexplicável, mas perfeitamente possível de sentir.
Foi um encontro inesperado com uma forma de liberdade que eu jamais tive. Aquela liberdade genuína de ser e de pensar. De olhar pra qualquer lado e poder andar sem rumo.
É um quase mergulho num oceano vasto, grande, sem limites.
E eu não me esforço nem um pouco para nadar.
Apenas flutuo de qualquer jeito (do jeito que eu quero), e me deixo levar pelas ondas
(que agora são mansas e leves), num sábado de sol tranquilo.
Posso até ter enlouquecido algumas vezes.
Mas nunca, em toda a minha existência, fui tão apaixonada pelo que a gente conhece como vida.
É algo um tanto inexplicável, mas perfeitamente possível de sentir.
Foi um encontro inesperado com uma forma de liberdade que eu jamais tive. Aquela liberdade genuína de ser e de pensar. De olhar pra qualquer lado e poder andar sem rumo.
É um quase mergulho num oceano vasto, grande, sem limites.
E eu não me esforço nem um pouco para nadar.
Apenas flutuo de qualquer jeito (do jeito que eu quero), e me deixo levar pelas ondas
(que agora são mansas e leves), num sábado de sol tranquilo.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
em meio ao deserto quente
rasteja uma serpente
que decerto já entende
não haver mais saída
planejara, inconsequente,
a súbita partida
em busca de acolhida
na miragem proibida
mas o rastejar é lento
e, por pura culpa do vento,
a cada movimento,
sua rota foi alterando
e, em seu último momento,
quando o tempo vai acabando
e a miragem se desmanchando,
percebe que está voltando.
rasteja uma serpente
que decerto já entende
não haver mais saída
planejara, inconsequente,
a súbita partida
em busca de acolhida
na miragem proibida
mas o rastejar é lento
e, por pura culpa do vento,
a cada movimento,
sua rota foi alterando
e, em seu último momento,
quando o tempo vai acabando
e a miragem se desmanchando,
percebe que está voltando.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Essa música é demais, demais.
Telefone [Tim Maia]
- Alô
- Alô
- Quem fala ?
- Sou eu, amor. Você não se lembra mais da minha voz ?
- Mas essa hora da manhã ?
- Ah, eu queria tanto te ver
- Às quatro horas da manhã ?
- Ah, eu não consigo dormir, eu preciso te ver
Eu bem que te avisei, pra não levar a sério
O nosso caso de amor, eu sempre fui sincero e você sabe muitobem
Eu bem que te avisei pra não levar a sério
O nosso caso de amor, eu sempre fui sincero e você sabe muitobem
Eu não te prometi nada
Não venha me cobrar por esse amor
Pois esse sentimento eu não tenho pra te dar
Sinto muito em te dizer, vê se tenta esquecer
Os momentos que passamos que juntinhos nos amamos
Leve um beijo e adeus
Telefone [Tim Maia]
- Alô
- Alô
- Quem fala ?
- Sou eu, amor. Você não se lembra mais da minha voz ?
- Mas essa hora da manhã ?
- Ah, eu queria tanto te ver
- Às quatro horas da manhã ?
- Ah, eu não consigo dormir, eu preciso te ver
Eu bem que te avisei, pra não levar a sério
O nosso caso de amor, eu sempre fui sincero e você sabe muitobem
Eu bem que te avisei pra não levar a sério
O nosso caso de amor, eu sempre fui sincero e você sabe muitobem
Eu não te prometi nada
Não venha me cobrar por esse amor
Pois esse sentimento eu não tenho pra te dar
Sinto muito em te dizer, vê se tenta esquecer
Os momentos que passamos que juntinhos nos amamos
Leve um beijo e adeus
'A harmonia secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio'.
[Lispector]
domingo, 28 de agosto de 2011
Cheguei à conclusão de que tenho sérios problemas com a estratégia de trabalhar com políticas públicas. Não se trata exatamente de um repúdio ao diálogo com o Estado, nem de algo que implique ignorância ou descaso.
É que o trabalho de formiguinha, de conquista lenta e de processos de convencimento e diálogo às vezes saturam. E são pouquíssimos produtivos em termos de mínimas mudanças de paradigma.
Não nego a importância de trabalhar na construção das políticas públicas (pelo contrário), nem muito menos nego sua relevância dentro de um estado democrático.
O que eu nego é a radicalização que deixamos de respaldar e provocar. Nego que possamos trabalhar num sentido de alterar profundamente alguma coisa através deste caminho.
Acabo de voltar da III Conferência Regional de Mulheres de JP. Se, por um lado, fico feliz pela articulação e pela construção que resultou do nosso trabalho, por outro vejo nitidamente que essa construção é lenta e superficial.
Não se atinge nem de longe a profundidade necessária à provocação de uma mudança conjuntural. Nem mesmo temos a garantia do cumprimento das diretrizes formuladas. E olha que isso é apenas no que tange às políticas públicas voltadas para a emancipação das mulheres. É só um aspecto dentre vários outros aspectos.
Isso meio que cansa a mente. Tanto trabalho na problematização daquelas questões, e tanto ceticismo quanto à sua potencialidade de radicalizar alguma coisa.
Fiquei com a mente exausta.
Cada vez mais penso em pegar em armas e formar uma guerrilha.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
[...]
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua
Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo
A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguês
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua
Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo
A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguês
[...]
[cazuza]
Toda vez que eu vejo essa foto, me dá um negócio no peito. Uma angústia, um sentimento quase que de vergonha. É como se essa criança me questionasse, me perguntasse quem eu penso que sou pra expressar algum sentimento ao vê-la chorando assim: O que é que eu tenho feito/não feito, e o que me faz pensar que eu tenho algum direito de sentir qualquer coisa de pena da sua dor.
É um olhar misterioso que me diz, bem, bem profundamente: 'Grande coisa, esse seu momento de angústia ao me ver assim. Engula seu altruísmo cristão, e que se dane o que você sente ou pensa a respeito do meu povo e da minha luta. Sua penosidade e (des)humanismo não me comovem, nem me libertam. Pelo contrário, eles me oprimem, retiram minha liberdade, me impedem de ser criança, de sorrir'.
Podia até ser só uma criança chorando.
Mas nenhuma criança apenas chorando jamais me olhou tão profunda e dilaceradamente assim, me deixando tão envergonhada e, ao mesmo tempo, enraivecida de mim mesma.
É um olhar misterioso que me diz, bem, bem profundamente: 'Grande coisa, esse seu momento de angústia ao me ver assim. Engula seu altruísmo cristão, e que se dane o que você sente ou pensa a respeito do meu povo e da minha luta. Sua penosidade e (des)humanismo não me comovem, nem me libertam. Pelo contrário, eles me oprimem, retiram minha liberdade, me impedem de ser criança, de sorrir'.
Podia até ser só uma criança chorando.
Mas nenhuma criança apenas chorando jamais me olhou tão profunda e dilaceradamente assim, me deixando tão envergonhada e, ao mesmo tempo, enraivecida de mim mesma.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
A arte de cada pessoa
segue o fluxo
do que se vive
ou do que se pretende viver
não vivendo.
A arte de cada pessoa
participa
da criação de um escudo
de um casulo
de um esconderijo
que não se pretende esconder
mas esconde.
A arte de cada pessoa
mostra devagarinho
aquilo que ela às vezes sente
mas mente.
E somente a arte é capaz
de libertar
aquilo que cada pessoa
pretende prender,
mas solta.
segue o fluxo
do que se vive
ou do que se pretende viver
não vivendo.
A arte de cada pessoa
participa
da criação de um escudo
de um casulo
de um esconderijo
que não se pretende esconder
mas esconde.
A arte de cada pessoa
mostra devagarinho
aquilo que ela às vezes sente
mas mente.
E somente a arte é capaz
de libertar
aquilo que cada pessoa
pretende prender,
mas solta.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Mais uma da diplomacia norte-americana
Diplomata dos EUA causa revolta na Índia após dizer: 'sem banho eu fico suja e escura como vocês'
Maureen Chao, vice-cônsul dos Estados Unidos no estado indiano de Tamil Nadu, provocou uma crise diplomática após afirmar em uma escola de Chennai, capital do estado, que a falta de banho havia deixado a pele dela "suja e escura", como a dos indianos. Políticos locais pediram pelo afastamento imediato de Chao do consulado.
"Eu estava em uma viagem de trem de 24 horas de Nova Déli até Orissa [estado indiano localizado junto ao Golfo de Bengala]. No entanto, após 72 horas, o trem ainda não havia chegado ao seu destino...e minha pele ficou suja e escura como a de vocês", afirmou a diplomata, às gargalhadas, para uma classe de aula cheia de crianças.
Após o incidente, que provocou revolta na cidade, de acordo com o jornal local Hindustan Times, o consulado pediu desculpas por Chao por meio de um comunicado: "a Senhora Chao fez um comentário inapropriado. Ela se arrepende profundamente caso ele tenha ofendido alguém, pois essa não foi sua intenção".
Líderes políticos de Tamil Nadu não se contentaram com o pedido de desculpas. "É altamente condenável o que ela fez. Enquanto os tâmeis se destacam em diversas áreas, inclusive em tecnologia, surpreendendo até os norte-americanos, não podemos tolerar que uma funcionária do Departamento de Estado dos EUA fale dessa forma", afirmou ao Deccan Chronicle o doutor S. Ramadoss, fundandor do partido PMK.
Após o incidente, que provocou revolta na cidade, de acordo com o jornal local Hindustan Times, o consulado pediu desculpas por Chao por meio de um comunicado: "a Senhora Chao fez um comentário inapropriado. Ela se arrepende profundamente caso ele tenha ofendido alguém, pois essa não foi sua intenção".
Líderes políticos de Tamil Nadu não se contentaram com o pedido de desculpas. "É altamente condenável o que ela fez. Enquanto os tâmeis se destacam em diversas áreas, inclusive em tecnologia, surpreendendo até os norte-americanos, não podemos tolerar que uma funcionária do Departamento de Estado dos EUA fale dessa forma", afirmou ao Deccan Chronicle o doutor S. Ramadoss, fundandor do partido PMK.
[Opera Mundi]
Mais duas de Latuff, só pra fechar:
Nunca é demais lembrar: Latuff estará no Festival Interdisciplinar de Artes e Cultura [FIASCU], organizado por vários coletivos e CA's da UFPB, em fins de setembro.
Participemos e prestigiemos.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
domingo, 14 de agosto de 2011
terça-feira, 9 de agosto de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso".
(Tristan Tzara)
Sem sentido,
Se sente.
Sentido pra quê.
Sem sentido,
Se sente.
Sentido pra quê.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Às vezes a vida fica exatamente assim:
Uma cestinha cheia de novelos de lã coloridos e sobrepostos uns aos outros.
Tudo enrolado em si e, ao mesmo tempo, emaranhado externamente, numa distribuição sem nexo algum.
Alguns destacam-se mais, outros menos. Os de cores opacas nos deixam angustiados, os de cores vivas, alegram.
Os escuros nos fazem refletir um pouco mais (a escuridão muitas vezes é um negócio bom danado... dá até vontade de demorar mais nela, porque ali a gente meio que se esconde).
Tudo na sua perfeita e complexa contradição. Porque essa é uma daquelas confusões que fazem sentido.
O problema é quando o gato-persa pula na cesta e balança, sacode, mistura. Êta danado, aí lasca tudo.
Você fica perdida, ali no meio de um monte de fio enrolado, com cara de nó-cego, que nem o maior dos escoteiros consegue desatar. Mesmo que você não tenha esquecido as regras e tenha estado constantemente "sempre alerta", você não tem muita culpa. Os gatos fazem isso. Eles são terríveis.
As cores misturaram-se todas, as mais importantes caem no fundo, as irrelevantes ficam em cima, as mais-ou-menos caem da cesta. E tá feito o carnaval. Pena que é julho e não fevereiro.
E tem mais essa: a idade aumentou.
Em breve você precisará utilizar esses mesmos novelos de lã para tricotar na sua cadeira de balanço.
Uma cestinha cheia de novelos de lã coloridos e sobrepostos uns aos outros.
Tudo enrolado em si e, ao mesmo tempo, emaranhado externamente, numa distribuição sem nexo algum.
Alguns destacam-se mais, outros menos. Os de cores opacas nos deixam angustiados, os de cores vivas, alegram.
Os escuros nos fazem refletir um pouco mais (a escuridão muitas vezes é um negócio bom danado... dá até vontade de demorar mais nela, porque ali a gente meio que se esconde).
Tudo na sua perfeita e complexa contradição. Porque essa é uma daquelas confusões que fazem sentido.
O problema é quando o gato-persa pula na cesta e balança, sacode, mistura. Êta danado, aí lasca tudo.
Você fica perdida, ali no meio de um monte de fio enrolado, com cara de nó-cego, que nem o maior dos escoteiros consegue desatar. Mesmo que você não tenha esquecido as regras e tenha estado constantemente "sempre alerta", você não tem muita culpa. Os gatos fazem isso. Eles são terríveis.
As cores misturaram-se todas, as mais importantes caem no fundo, as irrelevantes ficam em cima, as mais-ou-menos caem da cesta. E tá feito o carnaval. Pena que é julho e não fevereiro.
E tem mais essa: a idade aumentou.
Em breve você precisará utilizar esses mesmos novelos de lã para tricotar na sua cadeira de balanço.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Madame Cézanne me pareceu uma pessoa bastante infeliz.
Seus vários retratos à óleo, pintados por seu marido, traduzem uma melancolia tão profunda, que chega a ser impossível imaginá-la sorrindo.
É bem provável que houvesse nela uma desejo íntimo e secreto de manifestar-se artisticamente. De tomar as tintas de seu esposo fracassado (Paul Cézanne só atingiu a maturidade e o reconhecimento artístico no fim de sua carreira), rasgar as telas em que era retratada, e pintá-las, ela mesma, em cores vivas e contrastantes (nem mesmo a poltrona amarela lhe dera vida).
Possivelmente, Madame Cézanne não tivera escolha, não lhe restara qualquer lampejo de esperança. O brilho nos olhos lhe fora tolhido após o episódio mais transformador de sua vida: aquele que a fez 'Madame'.
Ser Madame provavelmente a impedira de tocar em tintas e telas.
De sonhar, de criar, de ser.
E, assim, no lugar de pintar quadros brilhantes, mergulhada em cores e sonhos, num mundo imaginário e delirante, que seria unicamente seu, Madame Cézanne tornara-se modelo, objeto de perspectiva, matéria-prima, natureza morta.
Seus vários retratos à óleo, pintados por seu marido, traduzem uma melancolia tão profunda, que chega a ser impossível imaginá-la sorrindo.
É bem provável que houvesse nela uma desejo íntimo e secreto de manifestar-se artisticamente. De tomar as tintas de seu esposo fracassado (Paul Cézanne só atingiu a maturidade e o reconhecimento artístico no fim de sua carreira), rasgar as telas em que era retratada, e pintá-las, ela mesma, em cores vivas e contrastantes (nem mesmo a poltrona amarela lhe dera vida).
Possivelmente, Madame Cézanne não tivera escolha, não lhe restara qualquer lampejo de esperança. O brilho nos olhos lhe fora tolhido após o episódio mais transformador de sua vida: aquele que a fez 'Madame'.
Ser Madame provavelmente a impedira de tocar em tintas e telas.
De sonhar, de criar, de ser.
E, assim, no lugar de pintar quadros brilhantes, mergulhada em cores e sonhos, num mundo imaginário e delirante, que seria unicamente seu, Madame Cézanne tornara-se modelo, objeto de perspectiva, matéria-prima, natureza morta.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
A tonga da mironga do kabuletê
Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
(Vinícius e Toquinho)
Marchas chilenas reivindicando reformas radicais na educação: 80 mil manifestantes, entre estudantes e trabalhadores, fortemente reprimidos, como manda o cerimonial. No corpo, a força política da mobilização. Na mente, a crença no poder popular. Como resultado: a tremedeira das pernas da direita liberal.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Olhe Aqui, Mr. Buster
Olhe aqui, Mr. Buster: está muito certo
Que o Sr. tenha um apartamento em Park Avenue e uma casa em Beverly Hills.
Está muito certo que em seu apartamento de Park Avenue
O Sr. tenha um caco de friso do Partenon, e no quintal de sua casa em Hollywood
Um poço de petróleo trabalhando de dia para lhe dar dinheiro e de noite para lhe dar insônia
Está muito certo que em ambas as residências
O Sr. tenha geladeiras gigantescas capazes de conservar o seu preconceito racial
Por muitos anos a vir, e vacuum-cleaners com mais chupo
Que um beijo de Marilyn Monroe, e máquinas de lavar
Capazes de apagar a mancha de seu desgosto de ter posto tanto dinheiro em vão na guerra da Coréia.
Está certo que em sua mesa as torradas saltem nervosamente de torradeiras automáticas
E suas portas se abram com célula fotelétrica. Está muito certo
Que o Sr. tenha cinema em casa para os meninos verem filmes de mocinho
Isto sem falar nos quatro aparelhos de televisão e na fabulosa hi-fi
Com alto-falantes espalhados por todos os andares, inclusive nos banheiros.
Está muito certo que a Sra. Buster seja citada uma vez por mês por Elsa Maxwell
E tenha dois psiquiatras: um em Nova York, outro em Los Angeles, para as duas "estações" do ano.
Está tudo muito certo, Mr. Buster - o Sr. ainda acabará governador do seu estado
E sem dúvida presidente de muitas companhias de petróleo, aço e consciências enlatadas.
Mas me diga uma coisa, Mr. Buster
Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster:
O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?
O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal?
O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?
(Vinícius de Moraes)
Que o Sr. tenha um apartamento em Park Avenue e uma casa em Beverly Hills.
Está muito certo que em seu apartamento de Park Avenue
O Sr. tenha um caco de friso do Partenon, e no quintal de sua casa em Hollywood
Um poço de petróleo trabalhando de dia para lhe dar dinheiro e de noite para lhe dar insônia
Está muito certo que em ambas as residências
O Sr. tenha geladeiras gigantescas capazes de conservar o seu preconceito racial
Por muitos anos a vir, e vacuum-cleaners com mais chupo
Que um beijo de Marilyn Monroe, e máquinas de lavar
Capazes de apagar a mancha de seu desgosto de ter posto tanto dinheiro em vão na guerra da Coréia.
Está certo que em sua mesa as torradas saltem nervosamente de torradeiras automáticas
E suas portas se abram com célula fotelétrica. Está muito certo
Que o Sr. tenha cinema em casa para os meninos verem filmes de mocinho
Isto sem falar nos quatro aparelhos de televisão e na fabulosa hi-fi
Com alto-falantes espalhados por todos os andares, inclusive nos banheiros.
Está muito certo que a Sra. Buster seja citada uma vez por mês por Elsa Maxwell
E tenha dois psiquiatras: um em Nova York, outro em Los Angeles, para as duas "estações" do ano.
Está tudo muito certo, Mr. Buster - o Sr. ainda acabará governador do seu estado
E sem dúvida presidente de muitas companhias de petróleo, aço e consciências enlatadas.
Mas me diga uma coisa, Mr. Buster
Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster:
O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?
O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal?
O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?
(Vinícius de Moraes)
domingo, 17 de julho de 2011
sexta-feira, 8 de julho de 2011
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Se perguntarmos a um garotinho de dez anos de idade como ele se imagina aos trinta anos, ele provavelmente responderá que se vê como um grande médico, ou como um grande astro do futebol. Se fizermos a mesma pergunta a uma garotinha da mesma faixa etária, ela pode até responder que será médica, ou modelo, mas provavelmente enfatizará o desejo de, aos trinta anos, estar casada, possuir uma bela casa e, quem sabe, lindos filhos. Se, aos trinta anos, essas duas crianças, já crescidas, não tiverem se casado, a mulher possivelmente será médica e estará preocupadíssima com a probabilidade de tornar-se solteirona e de passar da idade para casar e ter filhos. E o homem, enfatize-se, possivelmente apenas será médico.
domingo, 3 de julho de 2011
Não sei o que é mais genial:
Isso:
Você bagunçou meu coração
Tirou ele do peito
E sacudiu pela calçada
Pisou em cima
E esmagou minha razão
Eu já não era muito
E agora não sou mais nada.
Você fez de mim o que queria
Tirou ele do peito
E sacudiu pela calçada
Pisou em cima
E esmagou minha razão
Eu já não era muito
E agora não sou mais nada.
Você fez de mim o que queria
Tirou minha alegria
Desmanchou o meu viver
Fez um buraco
Dentro da minha saudade
Fez uma tampa de pedra
P'reu nunca mais te esquecer
Desmanchou o meu viver
Fez um buraco
Dentro da minha saudade
Fez uma tampa de pedra
P'reu nunca mais te esquecer
Ou isso:
Ela dançando e balançando os cachos
Que meus cento e vinte baixos
Quase viram um pé-de-bode
Do lado dela um sujeito sem jeito
E eu aqui com dor no peito
Mas como é que pode
Tava tocando um baião cheio de dedo
Quando dei fé tava tocando Chopin
Menina você vai me dando asa
Que eu levo você pra casa
E a gente faz um monte de tamboretim
Que meus cento e vinte baixos
Quase viram um pé-de-bode
Do lado dela um sujeito sem jeito
E eu aqui com dor no peito
Mas como é que pode
Tava tocando um baião cheio de dedo
Quando dei fé tava tocando Chopin
Menina você vai me dando asa
Que eu levo você pra casa
E a gente faz um monte de tamboretim
(Tudin de Santanna)
sábado, 2 de julho de 2011
Quase metade das mulheres já sofreu violência doméstica no Brasil
Em pesquisa sobre violência doméstica, divulgada nesta terça-feira, pelo Instituto Avon e pela Ipsos, revela que 47% das mulheres confessaram que já foram agredidas fisicamente dentro de casa. O levantamento "Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil" revelou ainda que, na região Centro-Oeste do país, o medo de ser morta é o principal motivo das mulheres agredidas não abandonarem os seus agressores. O motivo foi apontado por 21% das entrevistadas na região. Nos estados do Sudeste, o medo de ser morta caso rompa a relação chega a 15%. No Sul, 16%. O Nordeste tem o menor índice: 13%. O estudo também mostrou que o alcoolismo e o ciúme são os principais motivos da agressão à mulher. - É uma vergonha a mulher não sair de casa porque podem ser mortas. Ciúme não é paixão. É algo mais complexo. O homem acha que tem posse da mulher. E a sociedade machista é um problema porque acha que a mulher não tem direito à autoestima e nem pode falar, se manifestar - comenta a socióloga Fátima Jordão, conselheira do Instituto Patrícia Galvão, Ong que defende os direitos da mulher.
Entre as mulheres agredidas no país, 15% apontam que são forçadas a fazer sexo com o companheiro. Os homens também admitem que já agrediram fisicamente as mulheres: 38%. Além de ciúmes e alcoolismo, eles confessam que já bateram nas companheiras sem motivo (12% das razões apontadas). A falta de dinheiro para viver sem o companheiro também é um motivo apontado pelas mulheres que não largam os seus agressores (25%). O estudo mostrou que a sociedade não confia na proteção jurídica e policial nos casos de violência doméstica. Essa é a percepção de 59% das mulheres e de 48% dos homens. - Denunciar depende da coragem da mulher. O número de denúncias feitas ainda é pequeno em relação à violência que existe. Isso acontece porque as políticas públicas, que incluem delegacias especializadas e centros de referência, para que a mulher confie e vá denunciar ainda estão aquém da necessidade - diz Maria da Penha Fernandes, que teve a história de vida como inspiração na criação da Lei Maria da Penha, que completará cinco anos em vigor. Em 1983, Maria da Penha ficou paraplégica após levar um tiro do marido.
Atualmente, o país tem 388 delegacias especializadas no atendimento à mulher, 70 juizados de violência doméstica, 193 centros de referência de atendimento à mulher e 71 casas para abrigo temporário. A pesquisa foi feita em 70 municípios brasileiros, com 1.800 homens e mulheres, entre 31 de janeiro e 10 de fevereiro. Para relatar a violência vivenciada, os entrevistados responderam um questionário sigiloso e devolveram o envelope lacrado.
A reportagem é do site O Globo.
Entre as mulheres agredidas no país, 15% apontam que são forçadas a fazer sexo com o companheiro. Os homens também admitem que já agrediram fisicamente as mulheres: 38%. Além de ciúmes e alcoolismo, eles confessam que já bateram nas companheiras sem motivo (12% das razões apontadas). A falta de dinheiro para viver sem o companheiro também é um motivo apontado pelas mulheres que não largam os seus agressores (25%). O estudo mostrou que a sociedade não confia na proteção jurídica e policial nos casos de violência doméstica. Essa é a percepção de 59% das mulheres e de 48% dos homens. - Denunciar depende da coragem da mulher. O número de denúncias feitas ainda é pequeno em relação à violência que existe. Isso acontece porque as políticas públicas, que incluem delegacias especializadas e centros de referência, para que a mulher confie e vá denunciar ainda estão aquém da necessidade - diz Maria da Penha Fernandes, que teve a história de vida como inspiração na criação da Lei Maria da Penha, que completará cinco anos em vigor. Em 1983, Maria da Penha ficou paraplégica após levar um tiro do marido.
Atualmente, o país tem 388 delegacias especializadas no atendimento à mulher, 70 juizados de violência doméstica, 193 centros de referência de atendimento à mulher e 71 casas para abrigo temporário. A pesquisa foi feita em 70 municípios brasileiros, com 1.800 homens e mulheres, entre 31 de janeiro e 10 de fevereiro. Para relatar a violência vivenciada, os entrevistados responderam um questionário sigiloso e devolveram o envelope lacrado.
A reportagem é do site O Globo.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Nunca mais inscrivinhei
Umas tar de poesia
Nem cantei minhas melodia
Pra mó deu relaxá
Nunca mais eu me sentei
Pra quetá, durante o dia,
Numa boa companhia
E botei pra proseá
O tempo corre com a gôta
Parece que tá fugino
E a gente tudo sintino
Que o dia vai se acabá
E eu fico me abestaiano
O tempo tá desimbestano
Já vai se acabá-se o ano,
E eu num vou me tocá!
Umas tar de poesia
Nem cantei minhas melodia
Pra mó deu relaxá
Nunca mais eu me sentei
Pra quetá, durante o dia,
Numa boa companhia
E botei pra proseá
O tempo corre com a gôta
Parece que tá fugino
E a gente tudo sintino
Que o dia vai se acabá
E eu fico me abestaiano
O tempo tá desimbestano
Já vai se acabá-se o ano,
E eu num vou me tocá!
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Faz tempo
Muito tempo
Que não acordo leve,
sem hora,
Levada pelo som da chuva,
lá fora.
Que não abro minha janela e,
me abrindo,
Abro todo o meu peito,
sentindo.
Os passarinhos no telhado,
O pé de limão,
As flores brancas, azuis,
O pinhão.
Fez tempo
Muito tempo
Que evito a felicidade,
Assim,
Calma e tranquila,
só pra mim.
Muito tempo
Que não acordo leve,
sem hora,
Levada pelo som da chuva,
lá fora.
Que não abro minha janela e,
me abrindo,
Abro todo o meu peito,
sentindo.
Os passarinhos no telhado,
O pé de limão,
As flores brancas, azuis,
O pinhão.
Fez tempo
Muito tempo
Que evito a felicidade,
Assim,
Calma e tranquila,
só pra mim.
terça-feira, 21 de junho de 2011
Eu desconfio muito do que aparenta ser exato.
A ausência de mácula é um terrível sinal de que não é isso que... tudo.
Algo de muito obscuro ofusca a clara presença de um equívoco de inigualável exatidão e certeza que, certamente, se pretende omitir.
E eu guardo muita incerteza com relação à certeza. Muita surpresa com relação ao súbito encaixe, dentro daquele complexo emaranhado de peças desproporcionalmente desencaixantes.
Parece que alguma coisa não está no lugar e, de repente, supõe-se possível sua relocação, sob um trágico risco de que ela simplesmente, ali, não caia bem.
De qualquer maneira, me parece extremamente perigosa a idéia certa de que é simplesmente isso. Essa claridade de idéias me causa um certo pânico.
E é muito, muito complicado.
Uma superfície lisa demais sempre proporciona o aumento dos deslizes.
A ausência de mácula é um terrível sinal de que não é isso que... tudo.
Algo de muito obscuro ofusca a clara presença de um equívoco de inigualável exatidão e certeza que, certamente, se pretende omitir.
E eu guardo muita incerteza com relação à certeza. Muita surpresa com relação ao súbito encaixe, dentro daquele complexo emaranhado de peças desproporcionalmente desencaixantes.
Parece que alguma coisa não está no lugar e, de repente, supõe-se possível sua relocação, sob um trágico risco de que ela simplesmente, ali, não caia bem.
De qualquer maneira, me parece extremamente perigosa a idéia certa de que é simplesmente isso. Essa claridade de idéias me causa um certo pânico.
E é muito, muito complicado.
Uma superfície lisa demais sempre proporciona o aumento dos deslizes.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Deuteronômio 22, 13-15: Se um homem se casa com uma mulher e começa a detestá-la depois de ter tido relações com ela, acusando-a de atos vergonhosos, deve difamá-la publicamente, dizendo: ‘Casei-me com esta mulher mas, quando me aproximei dela, descobri que não era virgem, o pai e a mãe da jovem pegarão a prova da virgindade dela e levarão a prova aos anciãos da cidade para que julguem o caso.
Deuteronômio 24, 1: Quando um homem se casa com uma mulher e consuma o matrimônio, se depois ele não gostar mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente, escreva para ela um documento de divórcio e o entregue a ela, deixando-a sair de casa em liberdade.
Deuteronômio 24, 1: Quando um homem se casa com uma mulher e consuma o matrimônio, se depois ele não gostar mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente, escreva para ela um documento de divórcio e o entregue a ela, deixando-a sair de casa em liberdade.
Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa ; não é conveniente que a mulher fale nas assembléias. (1 Coríntios 14, 34-35)
Será que é errado que eu me manifeste nesse blog? Oh, nãaoo!!
Será que é errado que eu me manifeste nesse blog? Oh, nãaoo!!
segunda-feira, 13 de junho de 2011
"O meu olhar é nítido como um girassol.
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como um malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender..."
(Fernando Pessoa,
que hoje faria 123 anos).
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como um malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender..."
(Fernando Pessoa,
que hoje faria 123 anos).
PM de Pernambuco orienta soldados gays sobre benefícios da união estável
PMs de Pernambuco agora têm
orientação sobre direitos gays
O reconhecimento da união estável para casais de mesmo sexo feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado tem rendido frutos até mesmo nos setores mais conservadores, como no caso da Polícia Militar de Pernambuco, que está com um novo serviço para seus militares: assessoria jurídica sobre o quê muda com a decisão do STF.
Primeira do tipo a fazer isso, a Associação dos Militares de Pernambuco (AME) está oferecendo a seus militares homossexuais um auxílio jurídico para quem quer saber mais sobre como incluir o parceiro no plano de saúde e como garantir pensão no caso de morte, para citar os dois exemplos mais comuns.
Segundo a AME, já são 11 os soldados que já acionaram o serviço de auxílio. Mas ainda um pouco tímidos: oito foram pelo telefone (81) 3423-9312 e apenas três pessoalmente na sede da AME, que fica na Rua Feliciano Gomes, 304 - Derby. Um deles já vive com o companheiro há 10 anos e pediu, no mês passado ao Comando Geral da Polícia Militar de Pernambuco, para incluí-lo em seu plano de assistência médica.
Quem quer usufruir de algum benefício acarretado com a decisão do STF deve enviar à AME a documentação que comprova a relação estável de mais de dois anos.
(Mix Brasil)
orientação sobre direitos gays
O reconhecimento da união estável para casais de mesmo sexo feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado tem rendido frutos até mesmo nos setores mais conservadores, como no caso da Polícia Militar de Pernambuco, que está com um novo serviço para seus militares: assessoria jurídica sobre o quê muda com a decisão do STF.
Primeira do tipo a fazer isso, a Associação dos Militares de Pernambuco (AME) está oferecendo a seus militares homossexuais um auxílio jurídico para quem quer saber mais sobre como incluir o parceiro no plano de saúde e como garantir pensão no caso de morte, para citar os dois exemplos mais comuns.
Segundo a AME, já são 11 os soldados que já acionaram o serviço de auxílio. Mas ainda um pouco tímidos: oito foram pelo telefone (81) 3423-9312 e apenas três pessoalmente na sede da AME, que fica na Rua Feliciano Gomes, 304 - Derby. Um deles já vive com o companheiro há 10 anos e pediu, no mês passado ao Comando Geral da Polícia Militar de Pernambuco, para incluí-lo em seu plano de assistência médica.
Quem quer usufruir de algum benefício acarretado com a decisão do STF deve enviar à AME a documentação que comprova a relação estável de mais de dois anos.
(Mix Brasil)
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Piada de Rafinha Bastos: Delegada se dispõe a mostrar estado de mulher violentada
A presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina São Paulo (CECF), delegada Rose Corrêa, disse em entrevista ao portal Comunique-se que se dispõe a esclarecer e orientar o humorista do CQC a respeito do trauma causado pelo estupro a uma mulher, após o humorista ter feito uma piada sobre o crime.
“Se ele nunca viu o estado que uma mulher fica depois de ter sido estuprada, eu me disponho a levá-lo em qualquer Delegacia de Proteção à Mulher para que ele veja de perto o que é isso, como é isso e não faça piadas com um assunto tão delicado.”
Em um de seus shows de comédia stand-up em São Paulo, o comediante proferiu a seguinte ‘piada’ – que foi citada em reportagem da revista Rolling Stone de maio deste ano: "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço", disse o humorista.
Rose Corrêa critica ainda as palavras irreverentes usadas por Rafinha Bastos ao tratar do tema: “Essa forma de falar a respeito de um assunto tão sério mostra uma falta de senso, de cautela. Porque só quem viu o estado que uma mulher que é estuprada fica, sabe como é. E eu sei como é isso porque eu fui a fundadora da Primeira Delegacia da Mulher no Estado de São Paulo e atendia por 12, 13 horas diárias mulheres vítimas de estupro. Sabe, isso abala a estrutura da pessoa, destrói casamentos, marca demais a vida de quem passa por essa situação. Fora o constrangimento que a mulher passa em todo o processo”, reforça a delegada.
Repúdio
A polêmica declaração levou a Secretaria de Políticas para as Mulheres e o Conselho Estadual da Condição Feminina São Paulo a publicarem notas de repúdio contra as declarações do humorista.
Em seu pronunciamento, o CECF afirma que a piada feita por Rafinha Bastos é de conteúdo machista e preconceituoso, além de encorajar os homens a praticarem a violência contra a mulher, que na Constituição Brasileira, é considerada crime hediondo.
Rafinha se defende
Em contato com a nossa reportagem via e-mail nesta manhã, o apresentador afirmou o seguinte: “Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia".
Portal Comunique-se
“Se ele nunca viu o estado que uma mulher fica depois de ter sido estuprada, eu me disponho a levá-lo em qualquer Delegacia de Proteção à Mulher para que ele veja de perto o que é isso, como é isso e não faça piadas com um assunto tão delicado.”
Em um de seus shows de comédia stand-up em São Paulo, o comediante proferiu a seguinte ‘piada’ – que foi citada em reportagem da revista Rolling Stone de maio deste ano: "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço", disse o humorista.
Rose Corrêa critica ainda as palavras irreverentes usadas por Rafinha Bastos ao tratar do tema: “Essa forma de falar a respeito de um assunto tão sério mostra uma falta de senso, de cautela. Porque só quem viu o estado que uma mulher que é estuprada fica, sabe como é. E eu sei como é isso porque eu fui a fundadora da Primeira Delegacia da Mulher no Estado de São Paulo e atendia por 12, 13 horas diárias mulheres vítimas de estupro. Sabe, isso abala a estrutura da pessoa, destrói casamentos, marca demais a vida de quem passa por essa situação. Fora o constrangimento que a mulher passa em todo o processo”, reforça a delegada.
Repúdio
A polêmica declaração levou a Secretaria de Políticas para as Mulheres e o Conselho Estadual da Condição Feminina São Paulo a publicarem notas de repúdio contra as declarações do humorista.
Em seu pronunciamento, o CECF afirma que a piada feita por Rafinha Bastos é de conteúdo machista e preconceituoso, além de encorajar os homens a praticarem a violência contra a mulher, que na Constituição Brasileira, é considerada crime hediondo.
Rafinha se defende
Em contato com a nossa reportagem via e-mail nesta manhã, o apresentador afirmou o seguinte: “Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia".
Portal Comunique-se
terça-feira, 7 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Conselho pune psicóloga que oferecia terapia para curar 'homossexualismo'
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) decidiu, nesta sexta-feira (31), aplicar uma censura pública à carioca Rozângela Alves Justino, psicóloga que oferecia terapia para curar o homossexualismo. Ela já havia sido condenada à censura pública no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro em 2007. Resolução do CFP de 1999 proíbe os psicólogos de tratar a homossexualidade como doença, distúrbio ou perversão e de oferecer qualquer tipo de tratamento.
A terapeuta estava sujeita à suspensão do exercício profissional por 30 dias ou, até mesmo, à cassação do registro. Entretanto, os conselheiros decidiram, por unanimidade, que a censura pública era a medida mais adequada no caso. O advogado Paulo Fernando, contratado pela psicóloga, disse que vai recorrer na Justiça Federal contra a decisão do CFP.
A ABGLT fez representação junto ao conselho de ética do CRP do Rio, requerendo a cassação do registro de Rozângela. "Precisamos que essa senhora pare de atuar. Já temos, inclusive, notícias de outros profissionais que têm atuado de mesma forma que ela, principalmente ligados a religiões", apontou Igo Martini, presidente do Centro Paranaense de Cidadania, um das entidades filiadas a ABGLT.
A psicóloga, no entanto, não dá sinais de que parará tão cedo. "Com certeza, vou continuar. Vejo que as pessoas têm direito de procurar esse apoio. É a pessoa que define o quer dentro da psicoterapia. Não sinto vergonha e nunca sentirei de acolher pessoas que querem deixar voluntariamente o estado de homosseuxalidade", afirmou.
Em seu blog na internet, Rozângela, se diz perseguida pelo Conselho Federal de Psicologia, no que ela chama "Ditadura Gay". Para Rozângela, as pessoas não são homossexuais, mas "estão" homossexuais. Para defender sua tese, ela cita a classificação da Organização Mundial de Saúde que divide a orientação sexual em bem aceita/assumida pela pessoa (egossintônica) ou mal aceita (egodistônica). "Então, em pessoas cuja homossexualidade seja egodistônica, respeitando a motivação individual para efetuar as mudanças que elas mesmas desejarem, o estado homossexual é passível de mudança", escreve.
Para a militância LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), tal opinião contribui para o preconceito e a negação do homossexualismo tanto pela pessoa quanto pela família, ao postular que existe cura. "Esse tratamento é charlatanismo, pois tanto OMS quanto o Conselho Internacional de Psiquiatria declaram que o homossexualismo não é doença nem transtorno mental. Mesma coisa dizer que vai curar a Aids", fala Igo. "O sofrimento vem da pessoa não aceitar sua condição, não viver bem consigo mesma. Os homossexuais sofrem ainda mais por conta de profissionais como essa senhora e de religiosos que dizem que isso é pecado.
Fonte: Uol
A terapeuta estava sujeita à suspensão do exercício profissional por 30 dias ou, até mesmo, à cassação do registro. Entretanto, os conselheiros decidiram, por unanimidade, que a censura pública era a medida mais adequada no caso. O advogado Paulo Fernando, contratado pela psicóloga, disse que vai recorrer na Justiça Federal contra a decisão do CFP.
A ABGLT fez representação junto ao conselho de ética do CRP do Rio, requerendo a cassação do registro de Rozângela. "Precisamos que essa senhora pare de atuar. Já temos, inclusive, notícias de outros profissionais que têm atuado de mesma forma que ela, principalmente ligados a religiões", apontou Igo Martini, presidente do Centro Paranaense de Cidadania, um das entidades filiadas a ABGLT.
A psicóloga, no entanto, não dá sinais de que parará tão cedo. "Com certeza, vou continuar. Vejo que as pessoas têm direito de procurar esse apoio. É a pessoa que define o quer dentro da psicoterapia. Não sinto vergonha e nunca sentirei de acolher pessoas que querem deixar voluntariamente o estado de homosseuxalidade", afirmou.
Em seu blog na internet, Rozângela, se diz perseguida pelo Conselho Federal de Psicologia, no que ela chama "Ditadura Gay". Para Rozângela, as pessoas não são homossexuais, mas "estão" homossexuais. Para defender sua tese, ela cita a classificação da Organização Mundial de Saúde que divide a orientação sexual em bem aceita/assumida pela pessoa (egossintônica) ou mal aceita (egodistônica). "Então, em pessoas cuja homossexualidade seja egodistônica, respeitando a motivação individual para efetuar as mudanças que elas mesmas desejarem, o estado homossexual é passível de mudança", escreve.
Para a militância LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), tal opinião contribui para o preconceito e a negação do homossexualismo tanto pela pessoa quanto pela família, ao postular que existe cura. "Esse tratamento é charlatanismo, pois tanto OMS quanto o Conselho Internacional de Psiquiatria declaram que o homossexualismo não é doença nem transtorno mental. Mesma coisa dizer que vai curar a Aids", fala Igo. "O sofrimento vem da pessoa não aceitar sua condição, não viver bem consigo mesma. Os homossexuais sofrem ainda mais por conta de profissionais como essa senhora e de religiosos que dizem que isso é pecado.
Fonte: Uol
MULHERES SÃO IGUAIS EM QUALQUER PROFISSÃO
DIA 02 de junho - DATA HISTÓRICA em todo o PLANETA... Acontece um dos mais importantes eventos populares de RESISTÊNCIA e AÇÃO CULTURAL:
O DIA INTERNACIONAL da PROSTITUTA.
Uma programação cultural, esportiva, holística, educacional e ambiental irá OCUPAR o ESPAÇO da rua da AREIA servindo como INSTRUMENTO de CONTRIBUIÇÃO, REFLEXÃO, ATITUDE e TRANSFORMAÇÃO em nossa SOCIEDADE. Uma realização da AGÊNCIA ENSAIO e da ASSOCIAÇÃO das PROSTITUTAS da PARAÍBA.
quando? dia 02 de junho (quinta-feira)
que horas? a partir das 19h07min
onde? rua da areia no centro histórico da cidade de joão pessoa
LIVRE - leve a sua família, seus amigos...
SEM JULGAMENTOS
Sabe essa coisa feliz aí embaixo que eu postei ontem?
ESQUEÇA!
Não tem otimismo que consiga agüentar os chutes e pontapés narcidêmicos (narciso + acadêmico).
Passou, passou. Evaporou qualquer sombra de pensamento positivo que eu tinha aqui. Lá se foram as nuvenzinhas e os ursinhos carinhosos.
Agora só tenho trevas e pensamentos maquiavélicos. Bater, estrangular, matar... são os verbos que passam pela minha cabeça nesse exato minuto.
ESQUEÇA!
Não tem otimismo que consiga agüentar os chutes e pontapés narcidêmicos (narciso + acadêmico).
Passou, passou. Evaporou qualquer sombra de pensamento positivo que eu tinha aqui. Lá se foram as nuvenzinhas e os ursinhos carinhosos.
Agora só tenho trevas e pensamentos maquiavélicos. Bater, estrangular, matar... são os verbos que passam pela minha cabeça nesse exato minuto.
Quero 'o caminho de volta pra casa'.
=(
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Tá ligado que parece que eu me tornei uma pessoa otimista, de verdade-verdadeira-mesmo?
Nem pareço eu, ó.
Eu saí de mim e virei uma pessoa assim. Do nada, foi só dizer que ia, e fui, sendo.
Um recorde para promessas de ano-novo. Merece menção no Guiness: "promessa mais impossível de ser cumprida na história da humanidade".
Não fico mais maldizendo a vida, nem fazendo planinhos malígnos, entrelaçando as mãos numa postura terivelmente maléfica...
Ou cutucando os meus bigodes do mal...
Há, de fato, alguns momentos estressantes.
Mas é diferente, é diferente.
Nem pareço eu, ó.
Eu saí de mim e virei uma pessoa assim. Do nada, foi só dizer que ia, e fui, sendo.
Um recorde para promessas de ano-novo. Merece menção no Guiness: "promessa mais impossível de ser cumprida na história da humanidade".
Não fico mais maldizendo a vida, nem fazendo planinhos malígnos, entrelaçando as mãos numa postura terivelmente maléfica...
Ou cutucando os meus bigodes do mal...
Há, de fato, alguns momentos estressantes.
Mas é diferente, é diferente.
terça-feira, 31 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Sabedoria de Susan Okin
As falhas por parte do pensamento político recente no sentido de considerar a família, e o uso de linguagem neutra em relação ao gênero, resultam, em conjunto, em uma contínua negligência, por parte dos teóricos das correntes hegemônicas, em relação ao tema profundamente político do gênero. A linguagem que eles empregam faz literalmente pouquíssima diferença no que eles fazem, que é escrever sobre homens, e sobre aquelas mulheres que conseguem, a despeito da estrutura de gênero da sociedade em que vivem, adotar padrões de vida que se desenvolveram adaptados aos homens. O fato de que os seres humanos nascem como crianças dependentes, não como os supostos atores autônomos que povoam as teorias políticas, é obscurecido pela pressuposição implícita de famílias generificadas, operando fora do âmbito das teorias políticas. Em grande medida, a teoria contemporânea, como no passado (ainda que de maneira menos óbvia), é sobre homens que têm esposas em casa.
domingo, 22 de maio de 2011
É muita cara de pau...
Obama asegura que ONU jamás creará Estado palestino independiente
El presidente de Estados Unidos Barack Obama aseguró este domingo ante grupos de presión pro-Israel en Washington que votos de la ONU jamás creará un Estado palestino independiente y reiteró que el compromiso de su país con la seguridad de Israel es "inquebrantable".
teleSUR
El presidente de Estados Unidos Barack Obama aseguró este domingo ante grupos de presión pro-Israel en Washington que votos de la ONU jamás creará un Estado palestino independiente y reiteró que el compromiso de su país con la seguridad de Israel es "inquebrantable".
teleSUR
sábado, 21 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Nos EUA, mãe perde guarda por aplicar botox na filha de 8 anos
(As mais variadas formas de violência e opressão).
Após admitir que havia aplicado botox na filha, a californiana Kerry Campbell perdeu a guarda da criança, de oito anos, de acordo com a rede de televisão norte-americana ABC. Além do tratamento estético -- feito pela mãe --, a menina passou por sessões de depilação com cera nas pernas para participar de um concurso de beleza infantil.
Desde sexta-feira (13/05), conforme informou a ABC, o Departamento de Saúde de São Francisco iniciou uma investigação contra Campbell. "É muito incomum que uma mãe injete botox em uma criança", afirmou Trent Rohrer, do órgão californiano, ao justificar a decisão de retirar a guarda da mãe.
Campbell e a filha, Britney, apareceram no programa televisivo "Good Morning America", da ABC, defendendo o uso da toxina em competições de beleza. "O mundo dos concursos é muito difícil. Eles julgam tudo e as crianças são duras", afirmou a mãe.
"Eu não acho que rugas sejam legais em meninas", disse Britney na ocasião. Ela admitiu que as injeções em seu rosto causavam dor, mas disse que havia se acostumado. As declaração da mãe e da criança causaram comoção nos Estados Unidos.
OPERA MUNDI
Após admitir que havia aplicado botox na filha, a californiana Kerry Campbell perdeu a guarda da criança, de oito anos, de acordo com a rede de televisão norte-americana ABC. Além do tratamento estético -- feito pela mãe --, a menina passou por sessões de depilação com cera nas pernas para participar de um concurso de beleza infantil.
Desde sexta-feira (13/05), conforme informou a ABC, o Departamento de Saúde de São Francisco iniciou uma investigação contra Campbell. "É muito incomum que uma mãe injete botox em uma criança", afirmou Trent Rohrer, do órgão californiano, ao justificar a decisão de retirar a guarda da mãe.
Campbell e a filha, Britney, apareceram no programa televisivo "Good Morning America", da ABC, defendendo o uso da toxina em competições de beleza. "O mundo dos concursos é muito difícil. Eles julgam tudo e as crianças são duras", afirmou a mãe.
"Eu não acho que rugas sejam legais em meninas", disse Britney na ocasião. Ela admitiu que as injeções em seu rosto causavam dor, mas disse que havia se acostumado. As declaração da mãe e da criança causaram comoção nos Estados Unidos.
OPERA MUNDI
domingo, 15 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
Como fazer uma dissertação (parte 1):
1 - Não se envolva em situações dramáticas com grande potencial de distração;
2 - Saia de toda e qualquer rede social online;
3 - Verifique se sua auto-estima tem sido atingida por algum de seus orientadores. Se sim, finja que não é com você;
4 - Mantenha seu notebook sobre uma mesa, e não use-o deitada na cama;
5 - Nada de pensamentos amorosos. Definitivamente, isso só atrapalha;
6 - Só beba aditivos alcoólicos em momentos estratégicos: ressaca impede os neurônios de funcionarem corretamente;
7 - Você deveria ter esquecido a militância no semestre passado. Agora não tem mais jeito.
8 - Não se interesse demasiadamente pela leitura dos livros de sua bibliografia, você não pode perder esse tempo;
9 - Praia, sol e cerveja são para pessoas que têm vida. Não é o seu caso.
10 - Pense, sinceramente, que um dia isso tudo acaba.
2 - Saia de toda e qualquer rede social online;
3 - Verifique se sua auto-estima tem sido atingida por algum de seus orientadores. Se sim, finja que não é com você;
4 - Mantenha seu notebook sobre uma mesa, e não use-o deitada na cama;
5 - Nada de pensamentos amorosos. Definitivamente, isso só atrapalha;
6 - Só beba aditivos alcoólicos em momentos estratégicos: ressaca impede os neurônios de funcionarem corretamente;
7 - Você deveria ter esquecido a militância no semestre passado. Agora não tem mais jeito.
8 - Não se interesse demasiadamente pela leitura dos livros de sua bibliografia, você não pode perder esse tempo;
9 - Praia, sol e cerveja são para pessoas que têm vida. Não é o seu caso.
10 - Pense, sinceramente, que um dia isso tudo acaba.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
¿Que pasa con la academia?
Aún hoy, con los avances registrados en las ciencias sociales, se observa gran resistencia por parte de los sectores académicos ligados al derecho, para incorporar la perspectiva de género en el análisis teórico y en la implementación de la ley. Las Facultades de derecho están consideradas como los reductos más conservadores de la academia.
La ceguera de género que afecta a muchas de nuestras Facultades de Derecho tiene varios efectos, como la invisibilización de las necesidades y vivencias de las mujeres, la obstaculización de su acceso a la justicia en igualdad de condiciones con los varones, la persistencia de estereotipos sexistas, la denegación de justicia, etc. Pero el más grave es que impide a decisores políticos, legistas y juristas ver la realidad en toda su complejidad.
Susana Chiariotti
La ceguera de género que afecta a muchas de nuestras Facultades de Derecho tiene varios efectos, como la invisibilización de las necesidades y vivencias de las mujeres, la obstaculización de su acceso a la justicia en igualdad de condiciones con los varones, la persistencia de estereotipos sexistas, la denegación de justicia, etc. Pero el más grave es que impide a decisores políticos, legistas y juristas ver la realidad en toda su complejidad.
Susana Chiariotti
quarta-feira, 4 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
segunda-feira, 2 de maio de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
domingo, 24 de abril de 2011
Descrição de uma comunidade no orkut chamada "Contra a ditadura de gênero":
"Faça então o entender que: os pêlos nas axilas das feministas causam mais horror que um estupro." Molotov.
O que é ser mulher pra você, sacana? É ofuscar dor, redimir pensamentos, fingir orgasmo, converter-se numa cultura machista, rir de piadas infames contra as próprias mulheres, justificar um estupro, não exercer certas atividades, impulsionar teus direitos à teus filhos pela maternidade, unificar o teu cérebro à um ventre, não ter escolhas, sambar ou vestir uma burca?
O QUE É SER MULHER PARA TI? Teu cérebro se limita à um padrão de estética o qual tu é a porra de uma boneca inflável? E tuas unhas, tu as fez hoje? O que é ser mulher para você, PORRA?
O que é ser mulher pra você, sacana? É ofuscar dor, redimir pensamentos, fingir orgasmo, converter-se numa cultura machista, rir de piadas infames contra as próprias mulheres, justificar um estupro, não exercer certas atividades, impulsionar teus direitos à teus filhos pela maternidade, unificar o teu cérebro à um ventre, não ter escolhas, sambar ou vestir uma burca?
O QUE É SER MULHER PARA TI? Teu cérebro se limita à um padrão de estética o qual tu é a porra de uma boneca inflável? E tuas unhas, tu as fez hoje? O que é ser mulher para você, PORRA?
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Às vezes vou vendo de longe,
fingindo que não vejo.
Deixando em banho-maria,
aproveitando o ensejo.
E, mais complicado seria,
E se fosse possível, faria,
Assumir o que está presente,
Do jeito que deveria.
Sendo que, o que se está vendo
Não é apenas um sendo
É o que, simplesmente,
Parece estar acontecendo
Ou algo que se tem em mente,
mentindo fortemente.
Pode nem ser verdade
Pode ser só a tarde
Depois de um longo dia
Quando o sol já esquentou tanto
Que quase perde o encanto
O muito pouco que havia.
A tarde é poesia.
É avermelhada melodia
Que o céu vai aos poucos tingindo.
Pena que vou fingindo
Que o dia não está caindo
E que não estou vendo
O que, sem nem ser,
já está sendo.
fingindo que não vejo.
Deixando em banho-maria,
aproveitando o ensejo.
E, mais complicado seria,
E se fosse possível, faria,
Assumir o que está presente,
Do jeito que deveria.
Sendo que, o que se está vendo
Não é apenas um sendo
É o que, simplesmente,
Parece estar acontecendo
Ou algo que se tem em mente,
mentindo fortemente.
Pode nem ser verdade
Pode ser só a tarde
Depois de um longo dia
Quando o sol já esquentou tanto
Que quase perde o encanto
O muito pouco que havia.
A tarde é poesia.
É avermelhada melodia
Que o céu vai aos poucos tingindo.
Pena que vou fingindo
Que o dia não está caindo
E que não estou vendo
O que, sem nem ser,
já está sendo.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
"Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor. Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja, sendo Ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos” (Efésios 5:22-24)
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Definitivamente, meu nariz é Tropical.
Ele é daqueles que curte praia, sol, mar, calor.
Toda vez que chove desse jeito, ele fica rebelde, mandando várias mensagens de protesto via espirro.
Meu nariz é um militante nato.
Quando o clima muda bruscamente, ele levanta logo as trincheiras e manda bala.
Tem dias também que ele fica todo burguês, só pra me irritar.
Fecha para balanço e exige que eu faça compras pra ele.
Meu cartão de desconto da Pague Menos tá quase estourando de tanto benegripe, vick, vitamina C e coisas genéricas do gênero.
Falando em vitamina C, ela tem esse nome por causa de mim.
Sou a maior consumidora. Tomo café com vitamina "Clarissa" e janto com vitamina "Cecília".
E nessas épocas chuvosas, eu tenho que resistir bravamente pra não me entregar!
Mas aviso logo aos navegantes que já estou desistindo...
Ele decretou estado de sítio e fechou as portas para entrada e saída de ar puro em seu território.
Acabou de cortar a minha rede de comunicação: estou fanha!
Por isso essa mensagem via blogue.
Vou me esconder embaixo dos lençóis, tentarei manter as esperanças de uma terra democrática e pacífica na Pneumolândia.
Anauê (dos indígenas, não dos integralistas)!
Ele é daqueles que curte praia, sol, mar, calor.
Toda vez que chove desse jeito, ele fica rebelde, mandando várias mensagens de protesto via espirro.
Meu nariz é um militante nato.
Quando o clima muda bruscamente, ele levanta logo as trincheiras e manda bala.
Tem dias também que ele fica todo burguês, só pra me irritar.
Fecha para balanço e exige que eu faça compras pra ele.
Meu cartão de desconto da Pague Menos tá quase estourando de tanto benegripe, vick, vitamina C e coisas genéricas do gênero.
Falando em vitamina C, ela tem esse nome por causa de mim.
Sou a maior consumidora. Tomo café com vitamina "Clarissa" e janto com vitamina "Cecília".
E nessas épocas chuvosas, eu tenho que resistir bravamente pra não me entregar!
Mas aviso logo aos navegantes que já estou desistindo...
Ele decretou estado de sítio e fechou as portas para entrada e saída de ar puro em seu território.
Acabou de cortar a minha rede de comunicação: estou fanha!
Por isso essa mensagem via blogue.
Vou me esconder embaixo dos lençóis, tentarei manter as esperanças de uma terra democrática e pacífica na Pneumolândia.
Anauê (dos indígenas, não dos integralistas)!
Os 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás
"Grande parte dessas famílias [acampadas] veio da era FHC, passou pela era LULA e entrou na era Dilma debaixo da lona preta à espera de uma solução para o conflito". Confira artigo da CPT Marabá sobre os 15 anos do Massacre em Eldorado dos Carajás e as poucas mudanças na região desde então.
A luta contra a impunidade. O caso Eldorado é um exemplo da difícil luta pela justiça em relação aos crimes no campo no Pará. Nem a pressão nacional e internacional, foi suficiente para afastar a impunidade dos executores e mandantes. A instrução processual expôs a contestável atuação da justiça paraense na busca das provas para a condenação dos culpados. O primeiro júri realizado em 2000 terminou com a absolvição dos principais responsáveis pelas mortes, num escandaloso julgamento, presidido pelo então juiz Ronaldo Vale. As repercussões negativas da atuação do juiz, forçou o tribunal de justiça a anular o júri. Em ato contínuo, numa reação nunca vista nos tribunais brasileiros, todos os juízes da capital se negaram a assumir o processo e a presidir o próximo julgamento. A juíza que aceitou presidir o segundo julgamento, foi obrigada a se afastar do processo dias antes da realização do segundo júri, devido ter determinado a retirada do processo de um laudo pericial sobre a fita gravada no dia do massacre. Era a principal prova contra os acusados. Desmoralizada por uma decisão do STJ que determinou a inclusão do laudo, a então juíza abandonou o processo na véspera do Júri.
O segundo júri ocorrido em 2002 foi um festival de absolvições. Apenas os dois comandantes da operação foram condenados. O Coronel Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão e o Capitão Oliveira a 158 anos. De 1996 até 2002 foram seis anos de luta para a realização do Júri e de 2002 até 2011, são nove anos em que o processo passou entre o TJ Pará e o STJ para julgamento dos recursos de apelação e recurso especial, interpostos pela defesa dos condenados. Enquanto isso, os dois únicos condenados continuam livres graças a uma decisão do STF em um Habeas Corpus. Não se sabe quantos anos ainda o STF gastará pra julgar os recursos que a defesa poderá ainda interpor. Não há nenhuma previsão de quando os dois condenados iniciarão o cumprimento da pena. É o triunfo da impunidade!
O caso Eldorado expõe a morosidade da justiça paraense - e brasileira - em punir os responsáveis por crimes no campo. São mais de 800 assassinatos no Pará nas últimas quatro décadas, de acordo com os dados da CPT. De todos esses crimes, apenas 18 casos foram a júri resultando na condenação de oito mandantes. Dos oito condenados apenas um, (Vitalmiro Bastos de Moura), encontra-se preso cumprindo pena.
A continuidade dos conflitos. Os conflitos pela pose da terra sempre marcaram a história das regiões sul e sudeste do Pará. O massacre não interrompeu o ciclo de violência contra os trabalhadores. Nesses 15 anos pós-massacre, 459 fazendas foram ocupadas por 75.841 famílias sem-terra em todo o Estado. A reação do latifúndio continuou tão violenta quanto antes, foram 205 assassinatos nesse período, maioria absoluta deles na região sudeste, onde ocorreu o massacre. Na região existem hoje cerca de 130 fazendas ocupadas por, aproximadamente, 25 mil famílias sem-terra, abrangendo uma área superior a um milhão de hectares, à espera de serem assentadas. Grande parte dessas famílias veio da era FHC, passou pela era LULA e entrou na era Dilma debaixo da lona preta à espera de uma solução para o conflito.
O recuo da reforma agrária. As pressões pós-massacre forçaram o governo FHC a intensificar as ações de assentamento de famílias sem-terra na região. Nos seis anos pós-massacre, (1997-2002), foram criados 245 projetos de assentamentos e “assentadas” 38.295 famílias. Uma média de 6.382 famílias assentadas por ano. Já nos últimos 08 anos, o ritmo de assentamentos diminuiu, foram criados apenas 133 assentamentos e “assentadas” apenas 13.185 famílias. Uma média de 1.648 famílias por ano. Nos últimos quatro anos foram criados apenas 18 Projetos de Assentamentos e assentadas 1.575 famílias no sul e sudeste do Pará. Uma média de 393 famílias por ano. Resultado que atesta a total falência das ações de Reforma Agrária na região.
Os novos desafios: A luta contra a impunidade e em defesa da reforma agrária continua sendo bandeira dos Movimentos Sociais que atuam na região. Soma-se a essa bandeira, a luta contra o atual modelo socioeconômico imposto para o campo que, privilegia a expansão do agronegócio e a exploração mineral indiscriminada, com o comprometimento do ecossistema e da biodiversidade, agravando ainda mais a desigualdade social e a desterritorialização dos povos do campo.
(Página da CPT)
A luta contra a impunidade. O caso Eldorado é um exemplo da difícil luta pela justiça em relação aos crimes no campo no Pará. Nem a pressão nacional e internacional, foi suficiente para afastar a impunidade dos executores e mandantes. A instrução processual expôs a contestável atuação da justiça paraense na busca das provas para a condenação dos culpados. O primeiro júri realizado em 2000 terminou com a absolvição dos principais responsáveis pelas mortes, num escandaloso julgamento, presidido pelo então juiz Ronaldo Vale. As repercussões negativas da atuação do juiz, forçou o tribunal de justiça a anular o júri. Em ato contínuo, numa reação nunca vista nos tribunais brasileiros, todos os juízes da capital se negaram a assumir o processo e a presidir o próximo julgamento. A juíza que aceitou presidir o segundo julgamento, foi obrigada a se afastar do processo dias antes da realização do segundo júri, devido ter determinado a retirada do processo de um laudo pericial sobre a fita gravada no dia do massacre. Era a principal prova contra os acusados. Desmoralizada por uma decisão do STJ que determinou a inclusão do laudo, a então juíza abandonou o processo na véspera do Júri.
O segundo júri ocorrido em 2002 foi um festival de absolvições. Apenas os dois comandantes da operação foram condenados. O Coronel Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão e o Capitão Oliveira a 158 anos. De 1996 até 2002 foram seis anos de luta para a realização do Júri e de 2002 até 2011, são nove anos em que o processo passou entre o TJ Pará e o STJ para julgamento dos recursos de apelação e recurso especial, interpostos pela defesa dos condenados. Enquanto isso, os dois únicos condenados continuam livres graças a uma decisão do STF em um Habeas Corpus. Não se sabe quantos anos ainda o STF gastará pra julgar os recursos que a defesa poderá ainda interpor. Não há nenhuma previsão de quando os dois condenados iniciarão o cumprimento da pena. É o triunfo da impunidade!
O caso Eldorado expõe a morosidade da justiça paraense - e brasileira - em punir os responsáveis por crimes no campo. São mais de 800 assassinatos no Pará nas últimas quatro décadas, de acordo com os dados da CPT. De todos esses crimes, apenas 18 casos foram a júri resultando na condenação de oito mandantes. Dos oito condenados apenas um, (Vitalmiro Bastos de Moura), encontra-se preso cumprindo pena.
A continuidade dos conflitos. Os conflitos pela pose da terra sempre marcaram a história das regiões sul e sudeste do Pará. O massacre não interrompeu o ciclo de violência contra os trabalhadores. Nesses 15 anos pós-massacre, 459 fazendas foram ocupadas por 75.841 famílias sem-terra em todo o Estado. A reação do latifúndio continuou tão violenta quanto antes, foram 205 assassinatos nesse período, maioria absoluta deles na região sudeste, onde ocorreu o massacre. Na região existem hoje cerca de 130 fazendas ocupadas por, aproximadamente, 25 mil famílias sem-terra, abrangendo uma área superior a um milhão de hectares, à espera de serem assentadas. Grande parte dessas famílias veio da era FHC, passou pela era LULA e entrou na era Dilma debaixo da lona preta à espera de uma solução para o conflito.
O recuo da reforma agrária. As pressões pós-massacre forçaram o governo FHC a intensificar as ações de assentamento de famílias sem-terra na região. Nos seis anos pós-massacre, (1997-2002), foram criados 245 projetos de assentamentos e “assentadas” 38.295 famílias. Uma média de 6.382 famílias assentadas por ano. Já nos últimos 08 anos, o ritmo de assentamentos diminuiu, foram criados apenas 133 assentamentos e “assentadas” apenas 13.185 famílias. Uma média de 1.648 famílias por ano. Nos últimos quatro anos foram criados apenas 18 Projetos de Assentamentos e assentadas 1.575 famílias no sul e sudeste do Pará. Uma média de 393 famílias por ano. Resultado que atesta a total falência das ações de Reforma Agrária na região.
Os novos desafios: A luta contra a impunidade e em defesa da reforma agrária continua sendo bandeira dos Movimentos Sociais que atuam na região. Soma-se a essa bandeira, a luta contra o atual modelo socioeconômico imposto para o campo que, privilegia a expansão do agronegócio e a exploração mineral indiscriminada, com o comprometimento do ecossistema e da biodiversidade, agravando ainda mais a desigualdade social e a desterritorialização dos povos do campo.
(Página da CPT)
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Jornalismo na Paraíba
por Elaine Oliveira.
A TV paraibana nunca foi tão ridicularizada. As mortes transmitidas das 12 às 13h, que já eram prato principal dos almoços de muitos paraibanos "vidrados" no correio verdade agora estão do jeito que o jornalismo imprudente sempre sonhou: as pessoas riem da desgraça alheia e a bandidagem ainda vira melô, hit musical...
Pois é, as novas celebridades do jornalismo local não são reconhecidos por seu trabalho sério e competente em informar...não são visto pelo Brasil como repórteres que elevam a Paraíba...são reconhecidos em toda a parte, mas, como o próprio Portal Correio anunciou em 2010, " Agora, toda a Paraíba vai ver e conhecer a força, a alegria e a irreverência de Samuca Duarte e Emerson Machado." É mesmo uma pena que estivessem falando de um programa policial...
Sucesso no you tube, orkut e afins, a "dança do mofi" é unanimidade: agrada tanto aos cidadãos de bens quanto aos bandidos. As crianças, incentivadas até mesmo pelos pais, colocam a camisa na cabeça e com os braços para trás dançam e aumentam a popularidade do jornalismo que todas as tardes ri da falta de consciência de uma população que já acostumada com a impunidade, resolveu aceitar que ela virasse piada.Tratados como "amigos" (já que são a audiencia), os criminosos até gostam das brincadeiras, afinal de contas, nem é assim tão grave o que eles fazem...
Para mim, parecia que já tinham usado e abusado de todas as armas do sensacionalismo, mas mostraram que não: no dia 31 de março o telejornal foi transmitido em pleno Mercado Público de Mangabeira, e é claro, com direito a palco e plateia. A cada notícia de mais uma entrada no Hospital de Emergência e Trauma ou de uma briga em bar que acabava em morte, uma música era tocada pela banda que estava participando do Caravana da Verdade. Lágrimas, perdas e outras tristezas que merecem respeito (seja por quem for), viraram show. Um show desejado e aclamado por muitos telespectadores. Ah, a ideia contraditória e doentia da contratação da banda foi anunciada no próprio Portal Correio, com as seguintes palavras:" A Banda Identidade Baiana realizará um show para animar ainda mais o evento, das 11h às 14h."
Samuka Duarte, Emerson Machado (Mô- fi), Marcos Antonio (O Àguia), Josenildo Gonçalves (O Cancão da Madrugada) e toda a equipe de edição do Correio Verdade conseguem, dia após dia, tornar animadas as refeições de paraibanos que não se importam em almoçar frente às cenas de corpos perfurados e poças de sangue humano. Creio que não conseguem, com a mesma eficácia, tornar menos dolorosa a sina de uma mãe que sente a dor de ter um filho que agora é presidiário, de parentes de uma criança que morreu acidentalmente ou de um pai, que vê seu filho destruído pelas drogas, morto e servindo de audiência para um programa de humor chamado Correio Verdade.
Não sou jornalista. Sou nutricionista, mas antes disso, cidadã. Incomodada com o desprezo explícito à vida humana senti a obrigação de pedir a todos os meus contatos que repensem seus valores de respeito e dignidade à vida sempre que pensem em assistir esse e outros programas que indiquem sinais tão fortes de insulto a nós, telespectadores. Insulto a nossa capacidade e direito de exigir jornalismo de qualidade em palavras e atitudes.
Elaine Oliveira
Nutricionista e Personal Diet
sexta-feira, 8 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
A partir dos de baixo
Ontem eu quase chorei.
No momento, eu tou usando uns 'óculos de gênero' que me fazem observar esses fenômenos o tempo todo.Em tudo, eu procuro logo isso.
E é engraçado (na verdade não é engraçado nem um pouco, eu que gosto dessa expressão) porque seja nos de baixo ou seja nos de cima, tudo é marcado pela difereça de gênero. E tanto os de baixo, quanto os de cima, parecem (ou simplesmente o fazem de propósito) não estar nem um pouco atentos a isso.
Parece extremamente estratégico dissociar as lutas que, ao meu ver, deveriam caminhar lado a lado. Mas não é não. Acho que outra estratégia faria mais sentido.
Talvez a gente deva olhar também para as que estão 'ao lado' dos 'de baixo'.
* Na última aula eu botei óculos nele.
?
Dúvidas, dúvidas. A incerteza é minha melhor amiga.
Toda vez é isso.
Tou em dúvida se faço uma coisa, ou faço outra.
Duvido que um dia eu vá estar plena mente certa de alguma coisa.
Duvido, duvidando,
Da dúvida que duvida
E, de tanto duvidar,
Vou ficando
Em dúvida, toda a vida.
Toda vez é isso.
Tou em dúvida se faço uma coisa, ou faço outra.
Duvido que um dia eu vá estar plena mente certa de alguma coisa.
Duvido, duvidando,
Da dúvida que duvida
E, de tanto duvidar,
Vou ficando
Em dúvida, toda a vida.
quinta-feira, 24 de março de 2011
É isso, enfim.
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim
terça-feira, 22 de março de 2011
Apartamento de transexual brasileira é incendiado em Roma
O apartamento de uma transexual brasileira foi incendiado na manhã desta terça-feira (22/03) em Roma, de acordo com fontes locais. A brasileira, de 43 anos, estava dormindo no local quando o fogo começou. Os vizinhos perceberam o incêndio e chamaram a polícia.
O apartamento fica na região Tomba di Nerone, na capital italiana. A polícia não encontrou vestígios de líquido inflamável no local, e não excluiu a hipótese do acidente ter sido causado por descuido da própria brasileira, pois a porta da casa estava trancada e não havia sinais de arrombamento.
"Alguém incendiou minha casa porque eu era amiga de Brenda", disse a brasileira, referindo-se a outra transexual brasileira que foi morta em 2009, depois de seu nome aparecer em um escândalo envolvendo um político italiano.
Os restos mortais de Brenda foram achados carbonizados em seu apartamento em novembro de 2009, semanas após a divulgação de um vídeo em que o então governador do Lazio, Piero Marrazzo, aparecia na companhia de travestis.
Fonte: Opera Mundi
O apartamento fica na região Tomba di Nerone, na capital italiana. A polícia não encontrou vestígios de líquido inflamável no local, e não excluiu a hipótese do acidente ter sido causado por descuido da própria brasileira, pois a porta da casa estava trancada e não havia sinais de arrombamento.
"Alguém incendiou minha casa porque eu era amiga de Brenda", disse a brasileira, referindo-se a outra transexual brasileira que foi morta em 2009, depois de seu nome aparecer em um escândalo envolvendo um político italiano.
Os restos mortais de Brenda foram achados carbonizados em seu apartamento em novembro de 2009, semanas após a divulgação de um vídeo em que o então governador do Lazio, Piero Marrazzo, aparecia na companhia de travestis.
Fonte: Opera Mundi
segunda-feira, 21 de março de 2011
Tudo reflete naquela coisa de querer ser ouvido.
Todo mundo anseia pelo momento da fala. É algo quase que mecânico querer falar, falar e falar mais.
Essa história toda de twitter, blog e coisas internauticamente sociais... A gente quer no fundo é ser ouvido.
Engraçado... "ser ouvido" implica necessariamente no ato de falar.
A expressão devia mesmo era "ser boca".
O bom de ter um blog é poder escrever essas besteiras e, não necessariamente, "ser olhada".
Todo mundo anseia pelo momento da fala. É algo quase que mecânico querer falar, falar e falar mais.
Essa história toda de twitter, blog e coisas internauticamente sociais... A gente quer no fundo é ser ouvido.
Engraçado... "ser ouvido" implica necessariamente no ato de falar.
A expressão devia mesmo era "ser boca".
O bom de ter um blog é poder escrever essas besteiras e, não necessariamente, "ser olhada".
sábado, 19 de março de 2011
Assédio no trabalho: de quem é a culpa?
Maria Berenice Dias
Ora, nem é preciso perguntar de quem é a culpa pelo assédio no trabalho. A resposta é tão óbvia! Claro que a culpa é da mulher.
Alguém duvida disso? Sempre que é feita alguma denúncia de assédio, a pergunta que não quer calar é: qual o cumprimento de sua saia? O tamanho de seu decote? O que estava fazendo àquela hora sozinha no local de trabalho? E,diante da assertiva de que o assédio persiste há algum tempo, a pergunta é: porque não denunciou antes?
Todos estes questionamentos nada mais são do que tentativas dedesculpar o agressor e impor à vítima a responsabilidade pelo ocorrido. Afinal, é necessário averiguar se a mulher não se afastou do padrão de comportamento que a sociedade sempre lhe impôs.
Não se pode olvidar que em nossa sociedade patriarcal, a mulher nunca desempenhou nenhum papel, tinha uma posição subalterna, de submissão, restrita à esfera doméstica e exercendo atividades que nunca foram valoradas. A ela restava o reduto doméstico, com a única função de criar os filhos, enquanto o espaço público era reservado aos homens. A mulher casada tinha sua capacidade reduzida, sendo desprovida do direito de autodeterminar-se. Considerada propriedade do marido, devia a ele submissão e respeito.
Estava sujeita a uma verdadeira servidão sexual. Sempre foi vedada à mulher qualquer manifestação de prazer sexual, prerrogativa só garantia ao homem tanto fora quanto antes do casamento. Com relação ao chamado sexo frágil sempre se associou honestidade a recato, isto é, uma postura assexuada. Daí o tabu da
virgindade, quase como um selo de garantia de sua castidade, tudo isto para dar certeza ao homem da legitimidade da sua prole. A única notícia da atividade sexual feminina sempre foi a gravidez dentro do casamento.
A preservação da virgindade, como símbolo de castidade e honradez, era atributo indispensável para o casamento. Assim, os contatos sexuais, ainda que consentidos, quando descobertos pelos pais, eram denunciados como tendo ocorrido mediante violência, contra a vontade da vítima, como delitos sexuais, com a finalidade de resgatar a reputação da família.
Por tal, nos processos decorrentes dos crimes contra os costumes (como são chamados os crimes contra a liberdade sexual), questiona-se a palavra da vítima, cuja credibilidade resta comprometida. Daí sempre ter sido desacreditada a palavra da mulher. É mais difícil aceitar sua versão, valendo muito mais o depoimento do homem.
As lutas emancipatórias, o surgimento dos métodos contraceptivos, o ingresso da mulher no mercado de trabalho, ainda que tenham trazido melhorias na condição feminina, não alteraram a hierarquização do poder. Na atividade profissional permanece esta posição hierarquizada, verticalizada. Os cargos de mando ainda estão na mão dos homens e as mulheres levaram para a esfera pública o sentimento de servilismo.
Por isso, diante da prática de assédio, a necessidade de manter o emprego, a humilhação e o constrangimento levam as mulheres a se calarem e não referir o ocorrido sequer no âmbito familiar, por vergonha de contar o que aconteceu.
A dificuldade de denunciar, de ir atrás da Justiça decorre de um componente de ordem histórica e cultural. Em face da sacralização do conceito de família com sua feição patriarcal, permanece nítida a hierarquização entre o homem e a mulher.
Com a evolução da sociedade, veio a Constituição Federal decantar os novos direitos assegurados à mulher, que passaram a ter visibilidade e a ser considerados como direitos humanos. A mulher adquiriu a liberdade de escolher seus parceiros e de decidir sobre seu corpo.
O aumento da participação da mulher no espaço público deveria colocá-la em condições de igualdade, não refletindo no âmbito do trabalho as diferenças dos papéis existentes na sociedade. Descabe persistir qualquer resquício de submissão que envolva questão de poder. Porém, como os homens ainda predominam nas chefias das empresas públicas e privadas, passaram eles a usar uma nova maneira de obter favores femininos: a ameaça da demissão, da nãoascensão profissional.
Como o assunto ainda é tabu, as mulheres calam por medo de não serem acreditadas. Além da dificuldade de denunciar, é também difícil comprovar. É um homem frente a uma mulher, um superior ante um subalterno, a palavra de um contra a de outro. Ao depois, existe um grave preconceito de que houve provocação por parte da vítima, acabando-se por investigar o comportamento da denunciante.
Confunde-se liberdade sexual com a eliminação do direito de escolha. Não se atenta em que as mulheres, por serem livres, não são disponíveis para todos.
O certo é que as mulheres se calam por falta de mecanismos e espaço social que empreste credibilidade às suas palavras. É mister que o conceito de honestidade feminina não mais seja vinculado à sua atividade sexual e que se passe a acreditar que, quando ela denuncia, é porque foi vítima.
Assim, indispensável que haja a adoção de políticas de orientação e prevenção ao assédio moral e sexual, como forma de inibir os comportamentos indevidos. É importante que os departamentos de recursos humanos das empresas e órgãos públicos sejam capacitados para servir como consultores e orientadores, a
estimular a denúncia de fatos que podem caracterizar qualquer espécie de constrangimento ou aproximação indesejada.
Por enquanto, os únicos culpados são o medo e o silêncio.
Texto disponível em: www.mariaberenice.com.br
Ora, nem é preciso perguntar de quem é a culpa pelo assédio no trabalho. A resposta é tão óbvia! Claro que a culpa é da mulher.
Alguém duvida disso? Sempre que é feita alguma denúncia de assédio, a pergunta que não quer calar é: qual o cumprimento de sua saia? O tamanho de seu decote? O que estava fazendo àquela hora sozinha no local de trabalho? E,diante da assertiva de que o assédio persiste há algum tempo, a pergunta é: porque não denunciou antes?
Todos estes questionamentos nada mais são do que tentativas dedesculpar o agressor e impor à vítima a responsabilidade pelo ocorrido. Afinal, é necessário averiguar se a mulher não se afastou do padrão de comportamento que a sociedade sempre lhe impôs.
Não se pode olvidar que em nossa sociedade patriarcal, a mulher nunca desempenhou nenhum papel, tinha uma posição subalterna, de submissão, restrita à esfera doméstica e exercendo atividades que nunca foram valoradas. A ela restava o reduto doméstico, com a única função de criar os filhos, enquanto o espaço público era reservado aos homens. A mulher casada tinha sua capacidade reduzida, sendo desprovida do direito de autodeterminar-se. Considerada propriedade do marido, devia a ele submissão e respeito.
Estava sujeita a uma verdadeira servidão sexual. Sempre foi vedada à mulher qualquer manifestação de prazer sexual, prerrogativa só garantia ao homem tanto fora quanto antes do casamento. Com relação ao chamado sexo frágil sempre se associou honestidade a recato, isto é, uma postura assexuada. Daí o tabu da
virgindade, quase como um selo de garantia de sua castidade, tudo isto para dar certeza ao homem da legitimidade da sua prole. A única notícia da atividade sexual feminina sempre foi a gravidez dentro do casamento.
A preservação da virgindade, como símbolo de castidade e honradez, era atributo indispensável para o casamento. Assim, os contatos sexuais, ainda que consentidos, quando descobertos pelos pais, eram denunciados como tendo ocorrido mediante violência, contra a vontade da vítima, como delitos sexuais, com a finalidade de resgatar a reputação da família.
Por tal, nos processos decorrentes dos crimes contra os costumes (como são chamados os crimes contra a liberdade sexual), questiona-se a palavra da vítima, cuja credibilidade resta comprometida. Daí sempre ter sido desacreditada a palavra da mulher. É mais difícil aceitar sua versão, valendo muito mais o depoimento do homem.
As lutas emancipatórias, o surgimento dos métodos contraceptivos, o ingresso da mulher no mercado de trabalho, ainda que tenham trazido melhorias na condição feminina, não alteraram a hierarquização do poder. Na atividade profissional permanece esta posição hierarquizada, verticalizada. Os cargos de mando ainda estão na mão dos homens e as mulheres levaram para a esfera pública o sentimento de servilismo.
Por isso, diante da prática de assédio, a necessidade de manter o emprego, a humilhação e o constrangimento levam as mulheres a se calarem e não referir o ocorrido sequer no âmbito familiar, por vergonha de contar o que aconteceu.
A dificuldade de denunciar, de ir atrás da Justiça decorre de um componente de ordem histórica e cultural. Em face da sacralização do conceito de família com sua feição patriarcal, permanece nítida a hierarquização entre o homem e a mulher.
Com a evolução da sociedade, veio a Constituição Federal decantar os novos direitos assegurados à mulher, que passaram a ter visibilidade e a ser considerados como direitos humanos. A mulher adquiriu a liberdade de escolher seus parceiros e de decidir sobre seu corpo.
O aumento da participação da mulher no espaço público deveria colocá-la em condições de igualdade, não refletindo no âmbito do trabalho as diferenças dos papéis existentes na sociedade. Descabe persistir qualquer resquício de submissão que envolva questão de poder. Porém, como os homens ainda predominam nas chefias das empresas públicas e privadas, passaram eles a usar uma nova maneira de obter favores femininos: a ameaça da demissão, da nãoascensão profissional.
Como o assunto ainda é tabu, as mulheres calam por medo de não serem acreditadas. Além da dificuldade de denunciar, é também difícil comprovar. É um homem frente a uma mulher, um superior ante um subalterno, a palavra de um contra a de outro. Ao depois, existe um grave preconceito de que houve provocação por parte da vítima, acabando-se por investigar o comportamento da denunciante.
Confunde-se liberdade sexual com a eliminação do direito de escolha. Não se atenta em que as mulheres, por serem livres, não são disponíveis para todos.
O certo é que as mulheres se calam por falta de mecanismos e espaço social que empreste credibilidade às suas palavras. É mister que o conceito de honestidade feminina não mais seja vinculado à sua atividade sexual e que se passe a acreditar que, quando ela denuncia, é porque foi vítima.
Assim, indispensável que haja a adoção de políticas de orientação e prevenção ao assédio moral e sexual, como forma de inibir os comportamentos indevidos. É importante que os departamentos de recursos humanos das empresas e órgãos públicos sejam capacitados para servir como consultores e orientadores, a
estimular a denúncia de fatos que podem caracterizar qualquer espécie de constrangimento ou aproximação indesejada.
Por enquanto, os únicos culpados são o medo e o silêncio.
Texto disponível em: www.mariaberenice.com.br
quarta-feira, 16 de março de 2011
Solidariedade à luta “Contra o aumento da tarifa de ônibus” e repúdio à criminalização do movimento promovida pelos empresários do transporte coletivo em João Pessoa-PB
Desde o final de dezembro de 2010 as mobilizações contra o aumento no preço da passagem e má qualidade dos serviços de transporte coletivo ocorrem, pressionando nas ruas os governos por um modelo de mobilidade urbana que atenda às necessidades dos trabalhadores brasileiros.
A organização e mobilização popular é necessária para que qualquer transformação possa ocorrer no país e esse é o papel que cumprem os movimentos sociais: cobrar e pressionar por melhorias nas condições de vida da população! Porém, este não é o interesse dos ricos e das classes dominantes.
O militante do DCE UFPB, Enver José Lopes Cabral, está sendo intimado e será processado, a pedido dos empresários dos transportes e do Ministério Público da Paraíba, por participar das manifestações. Este fato caracteriza a clara perseguição que os militantes sociais sofrem por lutar em defesa dos interesses da população. E o que causa mais espanto é que o Ministério Público (MP) se posiciona e atua como os empresários do transporte!
No dia 12 de janeiro, 5ª mobilização realizada em João Pessoa, os donos das empresas de transporte da Capital, horrorizados com a força dos estudantes nas ruas, resolveram declaradamente agredir e criminalizar os militantes sociais. Contrataram cerca de 30 capangas armados (vestidos de motoristas) e em comum acordo com a “direção” do sindicato dos motoristas de ônibus, assediaram moralmente cobradores e motoristas com advertências nas empresas, forçando-os a irem às ruas para defenderem os patrões. Os capangas junto com a “direção” do sindicato foram em nosso Ato Público e partiram para agressão na tentativa de intimidar o movimento. Agora, após mais de um mês da manifestação, o militante do DCE UFPB é intimado pela polícia para responder por agressão.
Toda a população de João Pessoa acompanhou o movimento pacífico que fizemos e estamos fazendo, desde 29 de dezembro. Não vamos nos calar diante dessa injustiça e declarada perseguição aos movimentos sociais que buscam uma transformação no país! Pedimos a solidariedade de todos os militantes, entidades e organizações sociais que assim como nós, estão na luta por um Brasil dos trabalhadores e trabalhadoras!
A organização e mobilização popular é necessária para que qualquer transformação possa ocorrer no país e esse é o papel que cumprem os movimentos sociais: cobrar e pressionar por melhorias nas condições de vida da população! Porém, este não é o interesse dos ricos e das classes dominantes.
O militante do DCE UFPB, Enver José Lopes Cabral, está sendo intimado e será processado, a pedido dos empresários dos transportes e do Ministério Público da Paraíba, por participar das manifestações. Este fato caracteriza a clara perseguição que os militantes sociais sofrem por lutar em defesa dos interesses da população. E o que causa mais espanto é que o Ministério Público (MP) se posiciona e atua como os empresários do transporte!
No dia 12 de janeiro, 5ª mobilização realizada em João Pessoa, os donos das empresas de transporte da Capital, horrorizados com a força dos estudantes nas ruas, resolveram declaradamente agredir e criminalizar os militantes sociais. Contrataram cerca de 30 capangas armados (vestidos de motoristas) e em comum acordo com a “direção” do sindicato dos motoristas de ônibus, assediaram moralmente cobradores e motoristas com advertências nas empresas, forçando-os a irem às ruas para defenderem os patrões. Os capangas junto com a “direção” do sindicato foram em nosso Ato Público e partiram para agressão na tentativa de intimidar o movimento. Agora, após mais de um mês da manifestação, o militante do DCE UFPB é intimado pela polícia para responder por agressão.
Toda a população de João Pessoa acompanhou o movimento pacífico que fizemos e estamos fazendo, desde 29 de dezembro. Não vamos nos calar diante dessa injustiça e declarada perseguição aos movimentos sociais que buscam uma transformação no país! Pedimos a solidariedade de todos os militantes, entidades e organizações sociais que assim como nós, estão na luta por um Brasil dos trabalhadores e trabalhadoras!
JUVENTUDE QUE OUSA LUTAR: CONSTRÓI O PODER POPULAR!
DCE UFPB
Assinar:
Postagens (Atom)